Curitiba, 21 de abril de 1991.
Nos idos de 50 levava-se muito tempo para descer a Quinze, nossa Rua das Flores.
Do restaurante ou do bar do Grande Hotel Moderno com sua orquestra vienense, passando obrigatoriamente pelo Café Alvorada, depois olhava-se a Confeitaria Schaffer, sempre repleta das jovens senhoritas da alta sociedade, pelo Restaurante Paraná da sopa húngara, e continuava-se até chegar na Avenida João Pessoa, hoje Luiz Xavier, onde havia então a Guairacá, o Café Ouro Verde (que dá o nome à turma de hoje) mais tarde viria a Fontana Di Trevi e também a Confeitaria Iguaçu, em cima do espaço onde tinha o Stuart que mudou-se para outra esquina da Osório.
No espaço físico, essa era a geografia dos pontos de encontro daquela Curitiba que aprendi a conhecer e amar. Dessa Curitiba onde nasceram meus filhos, que é a cidade famosa do urbanista Jaime Lerner e do estadista Roberto Requião. Onde se convive harmonicamente em torno do zelo pela cidade.
Onde a gente também aprende a ser um “leite quente” com ciúmes da cidade, num sentido adorável do amor grande demais….Saí uma única vez e voltei morrendo de saudades, 60 dias depois, como naquela música do Roberto Carlos – “eu voltei, aqui é o meu lugar, voltei para ficar”…
Minha e nossa capital ecológica, cantada em prosa e verso na lírica de Leminsky e Kolody, das tardes gordas de um verão já não tão rápido como antes (há 30 anos Ney Braga dizia além do inverno)…Das manhãs de fog hibernal que, dizem, ajudaram a dar à nossas polaquinhas, italianinhas, alemãzinhas aquela “flegma britânica”…
E justamente nessas manhãs de fria neblina, descendo alegre para o trabalho, que olho o perfil longínquo do Batel e Champagnat e penso baixinho, mas com vontade de pensar mais alto e até gritar:
“Pelo Paraná eu morro, por Curitiba eu mato”.
DINO ALMEIDA
Jornalista
Colunista Social