Curitiba, 28 de outubro de 1990.
Como deve ser difícil a você Curitiba, “ Capital Ecológica” do Brasil, verificar, diuturnamente,
os crimes que são praticados contra o meio ambiente, sem que a população desta bela cidade
se conscientize da necessidade da preservação e da conservação do ambiente em que vivemos. Como você foi agredida por ocasião do primeiro turno das eleições. Todos os candidatos,
te prometiam mundos e fundos, para angariarem votos, mas, nenhum deles se lembrou
que estava poluindo a cidade, sujando as suas ruas, pintando os seus postes e transformando a
“Capital Ecológica”, na capital sujológica do Brasil. Com estas agressões, como você deve ter ficado deprimida, mas deve ter ficado feliz quando os candidatos “sujismundos”
não conseguiram se eleger e aqueles em que o povo acreditou e os elegeu, apesar de toda
a sujeira que espalharam pela cidade, você deverá cobrar deles, um pesado tributo,
exigindo uma cidade limpa e completamente despoluída.
Para que os cidadãos limpos e ordeiros da tua cidade não sejam penalizados, com esta poluição eleitoral, você deveria, como em outros países civilizados, cobrar de todos os candidatos antes da eleição, uma taxa para a limpeza posterior da cidade. Assim, eles cuidariam em não sujar e nem poluir o meio ambiente e conspurcar a sua beleza e sua natureza. Igual taxa deveria ser cobrada a todos aqueles industriais que utilizassem, as embalagens de seus produtos, materiais não degradáveis como plásticos, latas e garrafas sem retorno, pois esses são os materiais que mais poluem e degradam o seu meio ambiente.
O seu visual ficou, como a moral desses candidatos, toda emporcalhada, refletindo a educação dos mesmos. De pessoas assim, nada se pode esperar e muito menos votar. A cidade e os seus cidadãos deveriam repudiar e expulsar para sempre da coletividade, pessoas desse naipe e desse gabarito intelectual e educacional.
Mas, nem só da sujeira das eleições vive você a se lamentar, pois os demais cidadãos,
felizmente, uma pequena parcela, refletindo a educação dos políticos, continuam a lhe agredir, ora lançando esgoto nos seus rios e córregos, ora poluentes industriais que aniquilam
aquele ser vivo por ali existente.
Mesmo com a grande taxa de áreas verdes por número de habitantes que você possui, ainda falta muito para atingirmos o nível ideal, pois a população não cuida das árvores e das plantas colocadas em tuas ruas, procura de qualquer forma destruí-las fazendo com que a cidade se torne cada dia mais feia e mais quente, com mais poluição no ar.
Quem sabe um dia isto tudo mudará, quem sabe esta parcela da população curitibana que ainda não se conscientizou da necessidade da conservação do meio ambiente, reflita, e siga o exemplo magistral de nosso prefeito, e lute por uma melhor qualidade de vida para todos os
habitantes desta bela cidade, época na qual não pichem mais os muros, não se colem cartazes nos postes e muros da cidade, não se joguem papéis em suas ruas e a propaganda eleitoral se limite a ser colocada nos locais previamente permitidos pela prefeitura.
Tempo em que o “Lixo não é Lixo”, seja preparado para um melhor aproveitamento.
Onde o papel reciclado evite o corte de tantas árvores. Onde os rios continuem a correr livremente, puros e límpidos, com águas cristalinas, cheias de vida e o meio ambiente. Tempo em que os homens acreditem que “este mundo não é reciclável”, e que a vida nela só depende de sua conservação, pois a nossa já está seriamente comprometida com a falta de educação ambiental. Mas isto só será revertido com um trabalho de todos nós, com uma consciência ecológica e principalmente com muito amor a nossa terra que é uma dádiva que não se renova e que nós até agora não soubemos conservar. Neste dia, você “Curitiba”, voltará a sorrir, voltará a ser uma cidade feliz e poderá, novamente, ser chamada de “Capital Ecológica”, para o orgulho e felicidade dos seus habitantes.
DALIO ZIPPIN FILHO
Advogado Criminalista
(in memorian)