Curitiba, 6 de janeiro de 1991.
As minhas palavras numa “Carta a Curitiba” sempre seriam marcadas pelo
sentimento de gratidão pela cidade que me acolheu com tanto carinho para prosseguir no itinerário da vida pública. Como Vereador em Londrina e Deputado Estadual em Curitiba,
vivi etapas muito importantes na carreira política que abracei. Elas caracterizaram não somente a passagem da condição legislador de uma cidade para a honrosa missão de legislador estadual, significaram também, a mudança do norte para o sul do nosso majestoso Paraná.
Curitiba foi, ainda, o porto seguro onde desembarquei com as minhas emoções e esperanças. Em determinado sentido, a formosa capital do Paraná foi o ponto de passagem para a outra etapa de minha carreira: o exercício dos mandatos de Deputado Federal
e Senador da República.
Foi aqui, também em Curitiba, que constitui família e onde eu sinto as vibrações muito fortes de seu generoso e hospitaleiro povo.
Nesta relação de convivência permanente, vejo Curitiba não apenas como sugerem alguns cartões postais ou slogans de limitada concepção visual, como se a capital dos paranaenses fosse tão somente a Rua das Flores ou a Boca Maldita.
Vejo Curitiba como a grande angular da cidadania que além de reconhecer os pontos cardeais da metrópole, também reconhece e vivencia, o imenso cenário dos bairros próximos ou distantes, das vilas e povoações que revelam o perfil humano e social de uma das melhores comunidades do nosso país.
Vejo também Curitiba dentro de um cenário de trabalhadores das mais diversificadas tendências e especializações, como a síntese ideal do semeador, a notável escultura que o talento e a sensibilidade de Zaco Paraná esculpiram para revelar o homem paranaense à imagem e à semelhança que, a despeito da forca da natureza, se transforma em flores ou frutos como alimentos do espírito e do corpo.
Gostaria também de dizer que as honras e as alegrias do cargo de Governador do Paraná desde a diplomação em dezembro de 1986, até os dias presentes, sempre tiveram a cidade de Curitiba como a estação de obrigatória permanência durante as inúmeras viagens de trabalho que marcaram as rotas da esperança: pelo interior do Estado ou pelas cidades do Brasil. Esta obrigatória permanência constitui uma espécie de declaração expressa de moradia com animo definitivo.
Curitiba, então, não será mais a generosa servidão de passagem entre os caminhos
do norte e do sul, do leste e do oeste.
Curitiba será então, o lugar que por livre eleição, foi destinada para figurar na biografia
que pretendo deixar como herança de uma vida de lutas e de ideais.
ÁLVARO DIAS
Deputado Estadual e Federal, Senador e Governador do Paraná