Curitiba, 11 de agosto de 1991.
A CURITIBA
Estranho! Vivemos, vivenciamos, trabalhamos, estudamos, passeamos, desfrutamos das ruas floridas e bem cuidadas, dos cinemas e dos inúmeros restaurantes, das lojas, dos shoppings, com a naturalidade de quem desfruta de pequena e provinciana cidade. Não nos damos conta de que Curitiba é uma Metrópole. Quando paramos para ver e pensar Curitiba, enxergamos a agradável e insuportável ambivalência Metrópole/Província.
Na “Boca Maldita” todos se conhecem. No passeio Público todo o interior confraterniza. Em Santa Felicidade todo o Brasil se encontra.
Primeiro Planalto, que lhe faz próxima das praias. Primeiro Planalto, que lhe faz clima de serra. Primeiro Planalto, que lhe faz clima europeu.
Etnias! Que coisa linda! Recordo-me sem saudades porque ainda vivo a recordação. Dos meus tempos de universidade, quando ao meu redor tinha como colegas, orientais vindos dos mais longínquos pontos do planeta, ocidentais europeus e de todas as Américas. Branco, amarelo, vermelho, negro. A cor não tinha e não tem a menor importância nesta terra.
Terra das araucárias, que abre suas portas de par em par para receber com o sorriso que lhe faz o apelido, todos que aqui aportaram.
CURITIBA, CIDADE SORRISO!
Curitiba dizia o silvícola – reunião de pinheiros. Curitiba, digo eu, reunião de lamas, reunião de esperanças, reunião de idéias e de ideais. Curitiba formadora de opiniões e de liderança.
Curitiba que me viu criança. Tenho tanta coisa a te dizer. Provinciana metrópole que aprende de nossas tradições e que nos devolve em cultura. Cidade universitária onde o futuro é hoje e o impossível, se resolve.
Não é à toa que aqui se construiu o Teatro Guaira, um dos maiores do Brasil. Não é à toa que as primeiras apresentações para cá são trazidas.
Sensível ao belo. Severa no conservadorismo. Vejo-a assim.
Curitiba moderna e provinciana. O Centro Cívico, visão futurista dos homens de ontem. O transporte “ligeirinho” integrado visão futurista dos homens de hoje. O Parque Barigui, o passado conservado intacto para o futuro. O relógio das flores. O Largo da Ordem. A rua “24 horas”.
Tantas coisas lindas para se contar, que faz te ti “Cidade Sorriso” ímpar para se viver, orgulho para se contar.
Quando estou aqui o coração bate mais forte na alegria da convivência. Quando me afasto, por menos que seja esse afastamento, dói-me no peito as saudades.
Não sei bem saudade de que, do céu azul, do ar, do povo, dos amigos, dos velhos cantinhos que desfrutei. Saudades – disse o poeta – é aquilo que fica no lugar daquilo que não ficou.
O que há de belo na flor?
É o jardim? É a planta? São as pétalas?
Quem sabe seja o zumbido das abelhas ou o visitar das borboletas? Creio eu que o que há de belo na flor é o seu conjunto.
Vejo assim que o que há de belo em ti Curitiba, também é o conjunto, pela singeleza das partes, pela paisagem bucólica, por seus arranha-céus, por tudo enfim.
Só quem conhece Curitiba sabe o que eu falo.
Quem não a conhece deve saber o que perde.
IVÂNIO GUERRA
Deputado Federal PFL – PR