Curitiba, 10 de fevereiro de 1991.
Toda cidade possui características próprias que a identificam e marcam suas condições. Desde tenra idade aprendemos a traçar os pontos característicos que, ao longo dos anos, transmitimos a outras pessoas quando do convívio social ou familiar. É uma manifestação que trata do lado sentimental e afetivo e faz parte de nossa existência.
As cidades do mundo civilizado contemporâneo passam por substanciais transformações em sua estruturas física e sócio-econômica, ajustando-se aos padrões exigidos pelo processo de evolução da sociedade organizada.
Toda pessoa almeja viver num local em que as condições gerais de saúde, educação, segurança, habitação e interação social sejam concretas e disponíveis para a satisfação das necessidades coletivas. Busca-se em essência, um nível de convivência em que se fortaleça o bem estar comunitário e que se preserve adequado padrão de dignidade.
Nesse contexto transformador está escrita a cidade de Curitiba, capital do grande Paraná o berço principal do desenvolvimento do Estado.
Abstraindo o natural ufanismo que geralmente assalta o filho de uma cidade, não é demais dizer que Curitiba é uma verdadeira síntese do universo municipalista brasileiro, haja vista as características próprias que a natureza lhe ofertou e o avanço que tem experimentando nas últimas décadas, fruto do esforço de sua gente e do sucesso de seus administradores.
Cidade pólo da região metropolitana é constituída por uma população ordeira, heterogênea, voltada para o trabalho e que, no dia-a-dia, contribuí decisivamente para o cumprimento das etapas do seu progresso. Centro universitário considerável, com uma vasta gama de cursos avançados e de larga representatividade técnica, tem a virtude de abrigar em seu perímetro geográfico a primeira universidade fundada no País, formando gerações de profissionais que se espalham pelo Brasil inteiro e influem no contexto científico do País.
Cantada em prosa e verso por suas belezas naturais, Curitiba é aquela do Parque Barigui, onde as pessoas desfrutam os benefícios do pulmão verde, da companhia dos amigos, da boa conversa e do vai-e-vem constante daqueles que não perdem, contato com o natural.
Ela tem o Largo São Francisco, a Rua das Flores, a Igreja da Ordem, o Relógio das Flores e a tradicional Feira dos Artesãos.
Curitiba tem sua famosa Boca Maldita, espaço democrático onde se abrigam todos os matizes sociais da cidade e local da mais fértil e variada pauta de assuntos, tudo finalizando na magna confraternização do presidente perpétuo da instituição, o Anfrísio Siqueira.
Curitiba é hoje destacada como “Capital Ecológica”, conhecida nos quadrantes do mundo, premiada por organismos internacionais, exemplo de respeito à natureza. Sua beleza estética e a qualidade de vida que proporciona ganhou prestígio além de suas fronteiras, projetando-a como exemplo de modernidade, sem vilipendiar seus recursos naturais. Isto se deve, fundamentalmente, ao espírito público de sua gente e a vontade indômita de preservar aquilo que é a base de sua existência: o respeito à vida.
A cidade é o coração do Paraná, a convergência mais representativa de todo os paranaenses e de outros irmãos originários da federação.
Curitiba é uma cidade-família, em que as pessoas ainda se comunicam com freqüência, acompanham problemas mútuos, em que os troncos familiares são preservados, em que as crianças têm prazer e em que os conselhos dos mais velhos são seguidos pela nova geração.
Esta é a visão mais coerente, de uma grande cidade, que se afirma cada vez mais como o melhor exemplo de coexistência pacífica entre o homem, a natureza e o desenvolvimento.
JOÃO CÂNDIDO DA CUNHA PEREIRA
Médico
Presidente do Tribunal de Contas