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Alceu Vezozzo Filho

“Curitiba carrega facetas” , diz Alceu Vezozzo Filho

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Alceu Vezozzo Filho

 

Curitiba, 14 de abril de 1991.

  

Escrever sobre Curitiba partindo de alguém que já se sente curitibano, mas não tem tanto de“curitibanês”, é algo que exige um pensamento um pouco mais elaborado das imagens gravadas em minha memória, imagens e impressões que guardo comigo. Curitiba, inicialmente, me faz lembrar, no bom sentido, um grande quintal, cujo dono nosso prefeito Jaime Lerner, homem querido e que trata Curitiba como se fosse um grande jardim, ou uma mistura de jardim e quintal, onde ele conhece cada canto.

O povo o respeita de maneira especial e tem por ele muito carinho. Ele conhece Curitiba, onde cada coisa se esconde. Onde deve ser feito o show popular, onde se toma um cafezinho na Boca Maldita, onde se sabe as fofocas, onde é a origem das fofocas, onde deve haver um comício, onde se pega o ônibus e os curitibanos vêem nesse grande zelador alguma coisa que funciona. Lógico que em todo lugar, há aqueles que sempre tem algo a falar, o que também já ouvi, mas são coisas que fazem de qualquer agrupamento de pessoas.

Curitiba hoje leva o título, ou melhor, leva um apelido chamado “Cidade Ecológica”, tema novo, recente, que procura caracterizar a cidade como a 3ª melhor cidade, conforme recente levantamento feito por um órgão americano, de qualidade de vida, e o nosso prefeito procurou nele embarcar tentando gravar a imagem de qualidade de vida, e ecologia.

Mas também eu, às vezes poderia sugerir outro adjetivo como “Cidade Garoa”, lembrando São Paulo, porque muitas vezes peguei tanto ou mais garoa aqui do que em São Paulo. O tempo cinzento, onde o assunto predileto do curitibano é reclamar do clima ruim, que está com gripe, que está mofando, etc.

Eu também poderia, fechando os olhos, passando pelo Hotel Tibagi, no bar deste hotel, poderia dizer que Curitiba leva o título de “Capital Mundial do Café”, que era o antigo título que Londrina carregava. O motivo é que ao se adentrar nesse bar, vamos encontrar lá a Embaixada dos famosos “Pés Vermelhos” que aqui estão; tratando da Embaixada de Londrina em Curitiba.

Também poderia, fechando os olhos, chamá-la de “Cidade Maravilhosa”, alusão ao Rio de Janeiro, porque algumas vezes, eu que no meu trato do dia a dia, encontro tantas pessoas no meu ramo da atividade, encontrei alguns pares que após curta passagem pelo Rio, falam tão bem ou até melhor o sotaque carioca, e até num lance de mais esforço, até o caminhar carioca procuraram trazer para cá.

Também poderíamos lembrar a cidade que margeia o Rio Guaíba, Porto Alegre,  porque aqui muitas vezes se encontra gaúchos não só com seu famoso “Tchê” mas também o seu chimarrão e o seu famoso churrasco, saboroso, igual ou melhor que os encontrados na região do extremo sul do País.

Daí afora, temos os “uais”, os “ó chent”, temos o “pôlenta” e por aí vai; uma cidade de múltiplas facetas e até facetas internacionais, repetindo novamente, alguns pares que usualmente conversam mais sobre o exterior do que o nosso próprio País, isso é, falam sobre outras localidades fora do País – Nova York, Roma, Paris – com tanta facilidade e fluência, desconhecendo inclusive nosso próprio País. E por aí vai.

Curitiba carrega facetas. Eu próprio já me sinto tão curitibano ou até mais curitibano que grande parte dos curitibanos. Como toda cidade, tem o seu lado bom, o seu lado ruim, mas sem dúvida alguma sinto um profundo prazer de estar aqui.

Viva Curitiba!

  

ALCEU VEZOZZO FILHO

Engenheiro Civil

Diretor Superintendente da Rede de Hotéis Bourbon

 

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