Curitiba, 17 de fevereiro de 1991.
“A cidade está no homem, assim como a árvore voa no pássaro que a deixa”.
“A vida é um pesadelo que só pode ser transformado pelo exercício das faculdades criativas”.
“Para quem caminha ao encontro do sol, é sempre de madrugada”.
“A cidade é uma rua que passa por muitos países”.
“Tudo na vida é memória, é momento, ou é esperança, só o Eterno é ao mesmo tempo, e no mesmo local, memória, momento e esperança”.A cidade permanece enquanto tivermos memória. Não somos a Cidade. E somos eternos. Se todas estas frases são axiomas da verdade, então escrever para Curitiba, é revelar a alma diante do espelho. Nada há que possa ser escondido. Nada permite simulação.
Quando se fala com a Cidade, fala-se diante do espelho. E, falando-se diante do espelho, havendo luz, nada pode ser subtraído.
Por isso, Curitiba, não poderia deixar passar a chance desta carta aberta, pedindo que não se deixe esmagar por interesses alheios à sua história.
Sabemos, meia Curitiba e eu, que tudo na vida são apetites e aspirações. Por apetites se entendem todos os desejos humanos que se enredam na horizontal, tramas da política rasteira, incapacidade de melhorar o mundo. Por aspirações se entendem todos os anseios humanos que se elevam na vertical, brotam do âmago dos seres, enquanto projeto de existência, e buscam as coisas do alto, dos cosmos, do infinito.
Enquanto os apetites nos cravam em valas e sepulturas, as aspirações nos elevam, dando sentido à vida, revogando o pesadelo de existir por existir.
Saibamos, meia Curitiba e eu, que já não dá para esconder antiga aspiração de meu coração curitibano, -o exercício integral da boa política. A política capaz de conciliar palavras e atos. A política capaz de servir a verdade sempre antes da sobremesa, e advogar o direito de todas as manhãs, mesmo as mais cinzentas, á luz do sol da liberdade fraterna e solidária.
A boa política que evitará que a Cidade seja esmagada por interesses alheios à sua história. A boa política de difundir a igualdade de oportunidades iguais.
Ao escrever esta carta a Curitiba, quero convidar todos os curitibanos a prepararem o seu coração para a data dos nossos 300 anos. Vamos comemorá-los com o renovado propósito de servir ao bem comum, com toda a lealdade, todas as forças, em todas as instâncias, pois comemorar é conhecer.
Curitiba, minha cidade, conte comigo.
RAFAEL GREGA DE MACEDO
Deputado
Engenheiro
Economista