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“TUDO O QUE É DIFERENTE, BEM FEITO E CRIATIVO TEM QUE SER SUCESSO” diz Eliana Tramujas Karam

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Curitiba, 21 de janeiro de 1989

ELIANA TRAMUJAS KARAM – sempre gostou de grande movimentação. Extrovertida, executiva de grande sucesso, dirige com destaque cinco empresas em Curitiba. Eliana é um exemplo de capacidade e dinamismo e hoje ela nos conta como, e porque deu certo. Esta é Eliana, Sra. Samir Karam.

IZZA – Como você começou no Turismo?

ELIANA – Trabalho há oito anos, e na época, nem pensava que era meu forte. Entrei no ramo por influência de uma amiga que queria muito abrir uma agência, por isso começamos juntas. Depois sim, eu me empolguei e acabei abraçando mesmo. Começamos em 1980.

IZZA – Em 1980, a época era melhor para este tipo de trabalho?

ELIANA – Sem dúvida, era muito melhor; a inflação bem mais estável e o dólar não estava tão alto. As pessoas atualmente continuam viajando da mesma maneira, não todas as classes porque antes a classe média também viajava bastante, e hoje em dia predomina a classe A. Os vôos continuam lotados só que antes o volume de vendas em número era bem superior, e hoje o volume é maior em valores. Quem viajava continua viajando.

IZZA – Você, trabalhando neste ramo, teve a oportunidade de conhecer muitos países?

ELIANA – Já viajei pelo mundo todo. Eu já conhecia antes muitos países e inclusive, quando comecei em 80, fiz uma viajem de dois meses pela Europa e Oriente Médio e depois fiz Europa e Estados Unidos. O conhecimento é muito importante porque é mais fácil vender aquilo que já conhecemos e gostamos. Temos maior facilidade em transmitir o que vivemos. Depois que entrei bem no ramo, as viagens tomaram-se constantes porque eu era convidada. Então fui à Rússia, Japão etc. e seria difícil dizer do que mais gostei.

IZZA – Quando falamos em Agência de Turismo, imaginamos primeiramente as viagens, o lazer. Como é o dia-a-dia em uma agência?

ELIANA – Eu diria que quem quer ter uma agência tem que, em primeiro lugar, gostar do turismo porque é uma maneira ou forma de trabalho em que os imprevistos imperam. Não se sabe o que se vai vender, nem a quantidade exata. A única coisa que sabemos, é o quanto teremos que pagar. As despesas são sempre as mesmas. Outro ponto importante é a responsabilidade que temos com os clientes, porque a agência é o intermediário entre os passageiros e o operador. O operador é que fornece os serviços que a agência contrata e que o cliente está comprando.Então a gente fica sempre no meio termo e se alguma coisa acontece de errado, por exemplo, se a reserva do hotel não foi feita, que é a missão do operador, o cliente reclama sempre para a agência de viajem.

Consequentemente reclamamos para o operador que por sua vez vai reclamar para o hotel. É uma corrente muito grande de intermediários porque o operador também está contratando serviços de outros países, de outros órgãos. Sobre todos os aspectos, temos que ser bastante responsáveis e cuidadosos e só contratar operadores corretos, se bem que nunca se pode prever o que pode acontecer. Por isso digo que quem entra nisso tem que gostar realmente, porque a tensão emocional é constante. E um bom negócio quando se tem talento para lidar com esse tipo de atividade e o volume de venda tem que ser muito grande para termos um bom retorno. Gosto disso e me dei bem. Iniciei numa salinha e aos poucos fui conquistando meu espaço.

IZZA – Já que estamos falando do início, ele foi muito difícil?

ELIANA – O meu primeiro cliente foi meu marido porque, na empresa em que ele trabalhava, viajavam bastante e eu comecei vendendo bem. Minha sócia desistiu e a minha responsabilidade dobrou, mas aí ei já tinha pego o gosto e fui ampliando.

IZZA – Você possui outras agências além da Karamgatur?

ELIANA – Sim, depois que eu estava com está há quatro anos, ainda dispunha de espaço porque o andar de cima estava vago e eu não necessitava de tantos ambientes porque a casa é grande. Em conversa com uma pessoa, chegamos ao assunto de escola de inglês. As idéias foram surgindo, inclusive sobre um método novo que estava surgindo “Pink an Blue” e que era muito bom. Essa pessoa já usava este método no interior em sua escola e aqui era novidade. Me interessei por- que, pensando bem, eu não conhecia turismo e entrei no ramo… eu não era professora de inglês mas achei que poderia. Porque basta você ter um pouco de cabeça, saber dirigir as coisas, saber criar que a coisa vai em frente. Nem todos os grandes vencedores eram peritos quando começaram. Liguei para São Paulo e me informei.

Marquei uma entrevista e me ofereci para representá-los aqui em Curitiba e eles aceitaram. Fechamos o contrato. Abri juntamente com dois sócios, aparelhamos. Começamos a trabalhar aqui na parte de cima, abrimos outra escola no Jardim Social, e em pouco tempo estávamos com sessenta alunos. O método ê muito bom. Agora estamos com três anos de “Words” e com mais de mil alunos. Minha filha, que é administradora de empresas e que fala muito bem inglês, faz parte ativa da escola. A parte administrativa financeira toda é dela. Temos duas sedes próprias, salmos daqui logo porque o espaço tornou-se pequeno e fomos para uma casa aqui na Rua Padre lldefonso. A outra é no Jardim Social e as duas estão sendo ampliadas. Realmente a “Words” foi um sucesso. Depois da escola abri a “Esquema Internacional”.

IZZA – O que seria a “Esquema Internacional”?

ELIANA – É uma firma de cursos e eventos no exterior. Não é uma agência de Turismo, é uma empresa que só vende cursos, em qualquer língua, especializações, até bolsas de estudos. Já temos mandado várias pessoas, inclusive para cursos de Hotelaria. Temos um ano de atuação.

IZZA – E a LanChile?

ELIANA – Eu sempre quis ter uma companhia aérea para representar. Era uma meta que acabei conseguindo.

IZZA – E para paralelamente à LanChile?

ELIANA – Temos a “SK” Operadora, Representação e Turismo. São várias representações. Ela vende produtos para as agências. Praticamente fechamos o cerco dentro do turismo e, apesar das empresas estarem interligadas, são todas independentes: uma não interfere com a outra. Em março pretendemos nos mudar para um prédio próprio na Dr. Faivre, onde ficarão todas as empresas num local só com uma central de administração e todos os meios de comunicação para que as coisas funcionem com mais facilidade.

IZZA – Como é que você consegue dar atenção a tudo?

ELIANA – Não é fácil. Eu estou sempre me programando. Antes eu jogava tênis, praticava esportes mas hoje em dia não disponho mais de tempo a não ser à noite. Tempo é questão de preferência, mas o meu tempo está todo para o meu trabalho que adoro. O esporte eu tive que deixar um pouquinho de lado. Agora meu marido está trabalhando aqui, dirigindo a parte administrativa da empresa, por isso tive a oportunidade de aumentar os negócios.

IZZA – Você tem sido constantemente homenageada não?

ELIANA – Há quatro anos fui homenageada como “Empresária do Ano”. Só no ano passado e não participei. Fui apontada pelo Dino Almeida, pelo Calil Simão e pelo Sinival Silva.

IZZA – E a Fiet do Paraná?

ELIANA – Sou presidente da Fiet, Associação Federativa das Empresas de Turismo e é muito gratificante, porque estou tentando dar à classe cursos profissionalizantes para os funcionários, porque aqui na minha agência eu sentia falta disso. Para podermos trabalhar, necessitamos de uma boa equipe e ela só será boa se houver um treinamento. Eu sempre digo que a Karamgatur é uma escola de turismo porque eu sempre dei preferência a estudantes de Turismo. Eu ensino tudo, mando estagiar em uma companhia aérea se for o caso, então a pessoa se adapta a nossa forma de trabalho que é uma maneira muito correta de atender o passageiro sempre dizendo a verdade, nunca iludindo. É fácil dizer alguma coisa que não é mentira nem verdade, e isso não acontece aqui. Preferimos até dar uma imagem pior do que é, do que decepcionarmos o cliente. A maior parte do meu grupo se formou aqui e continua, porque pegaram o jeito. Na Fiet, cada mês fazemos um curso de atendimento ao telefone que é uma coisa importantíssima, curso de Marketing, vendas e tudo o que é importante dentro de uma agência.

IZZA – Quantos filhos você tem?

ELIANA – Tenho dois filhos. A mais velha que é a Mareia, administradora de empresas e o Rafael com 15 anos e que é poeta. Escreve muito bem. Concorreu num concurso de poesias da Academia José de Alencar e tirou o 19 lugar entre 160 candidatos de todo o Paraná. Agora ele reuniu todas as poesias e providenciou um livro que vai ser lançado em março. Ele tem realmente talento, e me surpreendeu pela pouca idade.

IZZA – Há oito anos, quando você começou e seus filhos eram menores, não era difícil conciliar tudo?

ELIANA – Era talvez menos difícil porque eu tinha somente a Karamgatur e o movimento não era o mesmo que tenho hoje. Atualmente a Karamgatur ocupa o 4° lugar em vendas internacionais entre 300 agências de viagens. Hoje ela é uma empresa grande que exige muito. Meus filhos já estão grandes.

IZZA – Qual das empresas é a mais nova?

ELIANA – A caçula é a “AeroKargo”, são cargas aéreas nacionais e internacionais fazemos qualquer tipo de fretamento, desde cavalos até uma simples encomenda. Abriu em junho na Barão do Rio Branco nº 63.

IZZA – Eu ouvi falar sobre “Os projetos especiais da LanChile, o que seriam exatamente estes projetos?

ELIANA – E um avião fretado somente para oitenta passageiros, tudo de primeira classe que faz um trajeto muito especial, exótico, escolhido. Os passageiros, que fazem esta viajem, não enfrentam filas de espera, não têm horários comuns e sim especiais de embarque. O serviço de bordo é fantástico. São três rotas; “Volta ao Mundo”, Mediterrâneo” e “Oriente”.

IZZA – E para finalizarmos, conte-nos, em primeira mão, qual será o último lançamento?

ELIANA – Será também uma viagem diferente dentro desta linha de avião fretado, 1ª classe, porém visando o empresário. Por exemplo, uma empresária que confecciona roupas de couro, prepara a sua viagem que, com antecedência, já está toda programada. Quando o avião chega a cada local, a passeio, já existe uma feira onde a pessoa vai expor o seu produto, revender, tendo um tradutor à disposição e também os compradores interessados. Tudo já está preparado para esse contato.

Então durante toda a viagem, além do passeio, o empresário poderá fazer negócios. Nesse voo da LanChile não haverá limite de peso. Será possível levar até 100 quilos porque serão somente 80 passageiros. É uma ideia genial que certamente vai dar certo e terá início brevemente. Estas viagens especiais não são tão caras porque as regalias oferecidas são grandes. O passageiro, quando se inscreve, preenche uma ficha. Se ele quiser água mineral Perrier ele a terá neste voo. Especialmente para ele rotas originais, hotéis cinco estrelas, guia exclusivo. A tripulação é sempre a mesma. Vale a pena. Tudo que é diferente, bem feito e criativo tem que ser sucesso.

 

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