Carregando...

“SER ELEGANTE É TER PERSONALIDADE E ESTILO DE VIDA” comenta Beatriz Séra

Postado em

 

Curitiba, 27 de setembro de 1987

 

De tradicional família lapeana, filha de Lurdes e Carlos Séra, Beatriz é decoradora há oito anos, assinando projetos de decoração nas mais lindas residências de nossa Curitiba. Adora o que faz, e acha que o equilíbrio é fundamental. Mistura bastante os estilos, a sofisticação e a descontração, tudo com muita harmonia. No final da execução de cada projeto, sente-se realizada, feliz, dando vazão a uma força criadora que tem interiormente, e sendo simplesmente ela – BEATRIZ.

 

IZZA – Como despertou em você a decoração?

BEATRIZ – Desde a minha infância eu já gostava de decoração, mas na realidade eu não sabia que aquelas arrumações na casa de minha mãe já eram demonstrações ou tendências para esse campo profissional. Como morava na cidade da Lapa, eu andava pelas fazendas procurando móveis antigos para restaurar. E, contando com a simplicidade de um velho marceneiro lapeano, conseguia fazer com que aqueles móveis que eu trazia para a cidade, ficassem quase que recuperados, porém, conservando suas características.

IZZA – O que é mais importante na elaboração de um projeto?

BEATRIZ – E o cliente, porque o decorador deve criar um ambiente que harmonize com quem vai desfrutá-lo. O bom gosto aliado à originalidade, faz com que o projeto tenha suas características próprias. A criatividade dentro de um projeto é primordial. As vezes o decorador se defronta com situações especiais que só terão solução se ele tiver muita imaginação.

IZZA – Como você definiria algo original?

BEATRIZ – Os meus projetos por exemplo, são feitos ou desenvolvidos particularmente para cada cliente, com designers exclusivos, feitos por mim, personalizados com todo cuidado e não repetidos, para que cada cliente tenha exclusividade.

IZZA – Você sente forte predominância dos modismos na decoração?

BEATRIZ – Modismo na decoração é muito relativo, E neste ponto que entra em primeiríssimo plano o bom gosto do decorador, que é nato. Em minha vivência como profissional, executo projetos de clientes que não possuem peças ou móveis nenhum, mas ao mesmo tempo realizo outros nos quais posso reciclar e adaptar à decoração peças e móveis que o cliente já possui.

IZZA – Porque não se vê quase nada de muito revolucionário em termos de decoração?

BEATRIZ – Porque ela não pode ser revolucionária por ser dispendiosa. Não se pode mudar a decoração a cada ano, essas coisas revolucionárias cansariam após determinado tempo.

IZZA – A crise atual influiu muito nesse campo?

BEATRIZ – Influiu, pois como já disse, a decoração geralmente é dispendiosa e, em muitos casos, a falta de verba limita o decorador fazendo com que este não consiga desenvolver sua criatividade por questões financeiras.

IZZA – Como você se sente realizando um projeto?

BEATRIZ – Eu primo pela simplicidade, porque é na originalidade e não na ostentação que eu consigo realizá-lo. E ponto importante quando falo em simplicidade. Isto não quer dizer que meus projetos não tenham arrojo porque arrojo é necessário, mas muito bem estudado e elaborado. Outro ponto é a sinceridade autêntica, pois ela me proporciona uma satisfação e consciência de um trabalho digno.

IZZA – O que você acha de Curitiba como campo de trabalho? O curitibano é muito conservador?

BEATRIZ – Curitiba, apesar de ser uma capital, é uma cidade pequena, onde todos se conhecem, por isso o trabalho do decorador deve ser antes de tudo honesto, pois ele visa firmar sua reputação para se tomar bem-conceituado. Eu trabalho há oito anos e minha maior satisfação interior é quando um cliente me procura para serviços profissionais pela segunda, terceira, ou até quarta vez, pois sendo assim tenho a certeza de que o cliente ficou satisfeito e feliz com os trabalhos realizados anteriormente. E digo mais, que em Curitiba as pessoas são muito exigentes e de  bom gosto, por isso a responsabilidade do decorador é ainda maior. Minha atualização é constante e sendo assim, tenho plena confiança e convicção em meus projetos. Quanto ao curitibano ser conservador, cabe ao profissional saber conduzir seu trabalho, fazendo com que suas idéias sejam aceitas.

IZZA – Quais os caminhos para a definição de um trabalho?

BEATRIZ – Como já falei, o cliente é muito importante, pois tenho que conhecer seu modo de vida, suas necessidades, seu hobby, e estudá-lo, para que dentro disso eu possa fazer um projeto, dentro de suas necessidades. Os caminhos são inúmeros porque cada cliente tem sua vida própria e características pessoais. Partindo do cliente e do projeto, define-se o trabalho que pode estar condizendo ou não com o que se pretende. Não é fácil ser decoradora porque a decoração envolve muitas coisas. As vezes acontecem contratempos que independem de nossa vontade, mas são sempre solucionados, não fogem ao nosso alcance, a solução imediata.

IZZA – Sabemos que nesse campo a atualização é importantíssima, essa é a razão de suas freqüentes viagens ao Exterior?

BEATRIZ – Sim, as viagens fazem com que eu esteja sempre em contato com as últimas novidades que são inúmeras. Elas acrescentam muito para atualização e dão vazão à criatividade. Oferecem a oportunidade de vermos as influências que a cada ano se transformam e se modificam.

IZZA – Como você concilia sua vida profissional com a do lar?

BEATRIZ – Tudo é uma questão de saber distribuir o tempo e delegar atribuições. Tenho dois filhos Antonio Neto, com 15 anos e Andressa, com 11 anos, com muitas atividades extra-escolares, mesmo assim encontro tempo para atender os meus clientes, meus familiares e os meus amigos. O uso da agenda é uma constante no meu dia-a-dia. Tenho minha vida programada e distingo bem o que é importante e o que é urgente. Com base na programação, procuro e tenho conseguido conciliar as coisas.

IZZA – Pelo fato de você trabalhar, julga importante que todas as mulheres trabalhem?

BEATRIZ – A mulher só deve trabalhar quando ela se realiza profissionalmente, porque não é fácil conciliar trabalho com o lar, mas existem casos em que a mulher necessita financeiramente de trabalhar, aí acho válido e necessário.

IZZA – E quanto ao papel da mulher na sociedade?

BEATRIZ – Penso que passada a fase aguada da onda feminista, os papéis que os homens e mulheres devem desempenhar estão melhor interpretados. Nem feminismo tão pouco machismo. Cada um ocupando seu lugar. Outro ponto que eu considero importante é o fato da mulher não conseguir o feminismo simplesmente por ser mulher. Eu procuro seguir aquilo que melhor se adapta ao meu estilo de vi- da e a minha família.

IZZA – Qual é o seu objetivo atual?

BEATRIZ – Em primeiro lugar, coloco a minha família acima de tudo, depois vem o trabalho que considero de muita importância e responsabilidade. Tudo que consegui até hoje dentro da minha profissão foi com muita garra, carinho e perseverança.

IZZA – Como você vê uma mulher elegante?

BEATRIZ – Primeiramente é importante dizer que elegância não é somente aquilo que você veste ou os lugares que você frequenta. Também é acima de tudo sua personalidade, comportamento, estilo de vida e a maneira como você trata as pessoas. Atualmente, o perfil da mulher elegante não é mais traçado na mesma forma que há 30 anos atrás. A mulher elegante saiu da redoma de vidro em que esteve presa durante anos e foi à luta, batalhar pelo seu espaço, pelo seu trabalho; conhecer o mundo, estudar e porque não dizer, cuidar de si mesma, porque os padrões de beleza também mudaram. Hoje ela é tão elegante e bonita quanto antes, com pequena diferença. Ela é uma mulher realizada.

 

Enviar por e-mail
Verified by MonsterInsights