Curitiba, 24 de julho de 1988
Charme e elegância fazem de Ediluz presença obrigatória nos mais representativos acontecimentos sociais. Desde cedo, habituada a ser notícia, ela nos conta como foi, com é e o que faz. Essa é Ediluz. Sra. José Vieira de Godoy.
IZZA – Ediluz, sendo você super colunável, conte-nos como foi seu início social?
EDILUZ – A minha vida social começou muito cedo. Desde jovem fui muito badalada, safa sempre nas colunas sociais dos jornais da época. Participei inúmeras vezes de eventos sociais e sempre me convidaram a participar do júri de concursos. Por exemplo, presidi o júri no concurso de Miss Bangu (Miss Elegante) em Florianópolis, fui convidada pelo colunista de lá, Zury Machado. Representei também a garota “Luzes do Paraná”, promovida pelo cronista Naim Lilos da sucursal do Jornal Última Hora, aqui em Curitiba, título que davam às garotas da sociedade de cada estado.
Sempre fui e até hoje sou muito prestigiada pelos jornalistas. Participei várias vezes da lista das “12 senhoras mais elegantes do Paraná”, do Dino Almeida e das “10 mulheres de ouro”, os casais vips do Paraná, promovido pelo colunista Calil Simão. £ gratificante. Recebi algumas homenagens no Dia das Mães, do Carlos Jung, Fernanda Ordz e Eddy Franciosi. O Cláudio Manoel da Costa, por vários anos, colocou-me em sua lista “Os melhores do ano”, e por duas vezes fui capa de seu caderno. Estive sempre presente e prestigiada no “Bazar do Rui Barroso”, na “Zoom” de Margarita Sansone e também por Alcy Ramalho. Não poderia deixar de mencionar também o amigo colunista Wilson Bueno que há anos me destaca em sua coluna “Quem acontece”, e “Social Curitiba”, Mary Schaffer e você, Izza.
IZZA – Em toda essa jornada, qual foi o fato que mais a marcou?
EDILUZ – Bem, e minha vida o que mais marcou foi o nascimento dos meus três filhos, Ernesto, Rosana e José. Mais tarde, socialmente, vieram alguns fatos que muito me lisonjearam. Fiquei emocionada ao ser escolhida para representar “A mulher elegante do Paraná”, dentre “As maiores personalidades de 1976″, pesquisa de opinião pública elaborada pelo Serviço Nacional de Pesquisas e pelo jornalista Cláudio Manoel da Costa. Foi uma surpresa para mim, talvez por isso tenha sido muito importante. Outro acontecimento também marcante foi quando fui homenageada com o troféu “Berimbau de Prata”, por minha atuação nas atividades sociais.
IZZA – O que você pensa sobre o colunismo social?
EDILUZ – Atualmente, o colunismo social trouxe grande renovação, pois se destaca pela leitura completa e informativa. E, com isso, ele ganhou seu lugar, divulgando, além da sociedade, a política, a economia, o esporte, as finanças, a arte, a cultura e a literatura.
IZZA – Atualmente você exerce alguma atividade?
EDILUZ – Sim, trabalho na confecção de moda feminina e masculina. A “Italy” e a “EVG”. Quando iniciei, tinha somente a feminina, hoje estou entrando no mercado com a linha masculina, que por sinal foi bem aceita.
IZZA – Por que você optou também pela linha masculina?
EDILUZ – Porque a linha masculina sempre me fascinou, principalmente ao estilo vanguarda, jovem e descontraída. Acho que a moda masculina sempre foi mais flexível para os homens. As mudanças não vão além das cores, dos tecidos e das modelagens, afinal não se pode fugir do trinômio calça, camisa e paletó. Influenciada pelos meus filhos, comecei a confeccionar roupas para eles, daí foi um passo para que eu optasse por essa linha também.
IZZA – No que você se baseia para lançar os seus modelos?
EDILUZ – Estou sempre pesquisando revistas, vídeos, etc. Eu olho tudo, na rua, nos filmes, na televisão. E não paro, e no final tenho a impressão dê nunca tirar férias, porque a gente não se desliga. Depois, não recuso nada; todas as idéias me interessam. Acho que observo coisas que normalmente passam até desapercebidas para algumas pessoas.
IZZA – Você acha que aqui em Curitiba é certo aquele ditado: “Quem não é visto não é lembrado”?
EDILUZ – A moda tem que ser vista, e bem vista, porque o mercado é multo competitivo para ser somente lembrado. Não podemos esquecer, também, que os filmes e as novelas influenciam e muito a moda nas ruas. Por exemplo, para os jovens, o estilo do publicitário Juppie, na novela “Sassaricando”, personificado por Beto, Don Jonson do seriado Miami Vice, que adotou o blazer com camiseta por
baixo.
IZZA – E a moda atual, o que você pensa sobre ela?
EDILUZ – A moda é cíclica, as tendências vêm e vão, e as mudanças acontecem em todas as estações. £ preciso estar sempre bem informada, havendo sintonia, harmonia, gosto no acompanhamento das tendências. Moda industrializa- da exige produtos comerciais, e tenho que me adaptar de acordo com as minhas necessidades, na realidade atual, onde o lojista ou o consumidor escolhem o material e a cor de sua preferência.
IZZA – E a crise atual afetou de alguma forma o mercado da moda?
EDILUZ – Penso que a moda feita no Brasil, hoje, é reflexo do estágio atual pelo qual o Brasil está passando, isto é, crise sócio-econômica, política e administrativa. Temos que aliar criação e bom gosto de acordo com o nosso mercado.
IZZA – Você acha importante o trabalho na vida de uma mulher?
EDILUZ – Com uma força incansável temos que dizer “sim” sempre à emancipação da mulher, principalmente no campo de trabalho. Ele só nos engrandece e nos proporciona uma sensação de independência.
IZZA – Sendo você sempre destaque pela sua elegância, o que pensa pessoalmente sobre a moda?
EDILUZ – Moda é maneira de viver e de sentir, cada vez mais original e pessoal. A moda é desenvolvida com muita qualidade, equilíbrio de formas e bom gosto. O homem e a mulher de hoje sabem escolher o melhor e gostam de roupas que tenham personalidade. A moda masculina ganha importância. A elegância é tão forte que muitos profissionais conseguem maior destaque por se vestirem bem, do que pela atividade que exercem. Paulo Roberto Falcão é um bom exemplo. Além de excelente jogador, cultiva sua imagem através de sua elegância, e já foi eleito um dos “Dez mais bem-vestidos do mundo”. Quanto ao conceito de elegância, ele não pode ser comprado, é inerente à sua própria personalidade, usar uma roupa e poder esquecer-se dela é a base da elegância no vestir.
IZZA – E a moda brasileira, perde em algum ponto para os centros maiores?
EDILUZ – A moda de qualidade e bom gosto não é privilégio dos grandes centros internacionais, como Milão, Paris, Nova Iorque, Londres e Tóquio. Mas temos que admitir que eles dominam o mercado internacional e que suas tendências predominam nas coleções internacionais.
IZZA – Como a sua família vê o seu trabalho?
EDILUZ – Eles estão sempre me incentivando. Dão a maior força. Participam quando podem e chegam até a criticar positivamente, é claro, principalmente sobre a linha masculina.
IZZA – Agora, conte-nos sobre a “Mulher Pantera”.
EDILUZ – Foi ideia do Carlos Jung, me apontar como “Mulher Pantera” do Paraná. Fiquei muito feliz pelo elogio. Logo depois apareceram outros que aderiram ao termo.
IZZA – Eu sei que você gosta de política partidária e que já participou de campanhas eleitorais. Se a convidassem para assumir algum cargo, você aceitaria?
EDILUZ – Hoje não. O trabalho que eu faço é muito envolvente e desgastante. Gosto muito da política partidária, posso até participar, dependendo do meu potencial, mas não para me candidatar. Como experiência foi muito marcante. Entrei numa área completamente diferente do que eu estava acostumada. Tive dificuldades no começo, mas venci. Meu trabalho na campanha eleitoral era externo, fora dos comitês, diretamente com o povo. Cone muita gente boa, conquistei e renovei meus conhecimentos, valeu a pena. Faço o que gosto, por isso faço bem feito.
IZZA – Para finalizar, o que você feria a dizer?
EDILUZ – A mulher deve desempenhar o seu potencial com luta, convicção e muita garra para conquistar o seu ideal e o seu espaço, mostrando uma grande capacidade profissional, sem esquecer o envolvimento familiar com seus filhos e sua preocupação com o mundo. E que muito me orgulho de minha atividade no mercado da moda.
