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“Talento e recordações” expressa Alba Pereira

Postado em

Curitiba, 3 de Fevereiro de 1991

 

ALBA PEREIRA; ela marcou época, pois foi uma das maiores revelações de Curitiba como cantora. Voz bonita, afinada, boa apresentação, começou com o Ponto de Encontro no Canal 6. Cantou com vários artistas, entre eles Agnaldo Rayol. Alba deixou da carreira, mas até hoje é conhecida e reconhecida por inúmeros fãs que constantemente pedem a sua volta. Nesta conversa ela nos conta como iniciou, como era a televisão na época e o que pretende da vida. Confiram.

 

PESSOALMENTE

SIGNO: Escorpião;

COR: Amarelo;

PERFUME: Fracás de Robert Piget;

ESTILO: Romântico;

BOM NAS PESSOAS: Sinceridade e naturalidade;

RUIM: Inveja e falsidade;

HOBBY: Nadar, praia e campo;

PLANOS: Viajar;

 

Izza – Você é dona de uma das vozes mais bonitas que surgiram em Curitiba desde 1970. Como descobriu este potencial?

Alba – Desde pequena eu gostava de tocar violão e de cantar. Meu pai também tocava e quando se tem um ambiente musical em casa torna-se natural. Mas confesso que eu só ouvi e constatei o meu potencial de voz quando gravei um programa no Canal 6.

Izza – Quem te descobriu como cantora?

Alba – Um amigo, Miguel Kassis. Me ouviu, ficou encantado e me convidou para participar de seu programa “Ponto de Encontro” no Canal 6 que marcou época aqui em Curitiba. Eu tive o prazer de ser a madrinha deste programa que era patrocinado pelas Casas Ling e pelas Massas Graciosa.

Izza – Fazia parte dos teus planos seguir carreira de cantora?

Alba – Eu nunca esperava e até relutei em aceitar o convite. O meu único problema era que eu não me sentia bem em frente às câmeras e isso acontecia porque tudo ocorreu muito de repente e eu não estava preparada e nem amadurecida para iniciar uma carreira que jamais havia feito parte de meus planos para o futuro.

Izza – Por quanto tempo você atuou no Canal 6?

Alba – Por dois anos. Além do Ponto de Encontro onde eu era sempre convidada, participei de um programa dominical do Julio Rosemberg que acontecia todos os domingos. Inclusive ele se ofereceu para apadrinhar a minha carreira. Eu cantava também nos programas do Dino Almeida que visava fins beneficentes e até me recordo que uma vez estávamos pedindo mil cobertores. Fiz pedido no ar antes de cantar e quando terminei a música, já tinha a quantidade solicitada. Quem doou foi o Hermes Macedo e ô Máximo Kopp.

Izza -E as chances de continuar foram grandes?

Alba – Eu tinha muita sorte e as propostas surgiam facilmente. Cantei no Teatro Guaíra e em vários clubes de Curitiba, cantei com Agnaldo Rayol e em todos os acontecimentos que envolviam artistas eu estava sempre presente. Tive muitas chances e fui convidada até pelo Flávio Cavalcanti. Uma coisa leva a outra por isso quanto mais eu cantava mais era requisitada a participar e eu me sentia no compromisso de atender as solicitações e isso realmente me assustava, pois eu tinha que estar sempre bem arrumada, as pessoas falavam comigo nas ruas, me pediam autógrafos e até me mandavam flores.

Izza – Quais eram os ídolos locais da época na televisão?

Alba – O conjunto Cave, o Daltom, o Marcus Coelho, o Victor, o Nadir Sales, Rubem Rolim. O Juarez Machado estava começando e fazia a coreografia do Canal 6. O apresentador que fazia sucesso era o Bittencourt. O clima era ótimo e todos me tratavam muito bem e me apoiavam. O Aderbal Stresser era o diretor e o Ronaldo era o diretor artístico. Realmente guardo boas recordações.

Izza – Entre todas as chances qual teria sido a maior?

Alba – As vezes paro para pensar e imagino aonde eu teria chegado se na época sonhasse em ingressar na carreira para valer. A minha família se dava muito bem com a família do Ari Barrozo onde passávamos ,temporada no Rio de Janeiro. Até hoje somos amigos de sua filha Màriuza e Flávio e inclusive quando o Ari faleceu no carnaval, a minha irmã Gilda estava presente. Eu, na minha timidez nunca mostrei a ele que sabia cantar, mas sei como as portas se abririam tendo um padrinho deste gabarito, um homem maravilhoso que deixou saudades.

lzza – Sendo assim, por que você relutou em assumir a carreira?

Alba – Como te disse, fui pega de surpresa e por meu temperamento não achei que me sentiria bem. Quando você sonha com alguma coisa, já se prepara psicologicamente, traça metas e faz força para que dê certo, do contrário fica difícil. Depois, a televisão é muito diferente, rápida, poderosa. Em todo o tempo em que atuei nunca deixei de tremer ao me apresentar o que não acontecia nos
clubes em que eu atuava. Eu sabia que tinha dom e talento e que iria longe se quisesse, mas não era isso o que eu realmente almejava na vida, não me familiarizei com a vida artística.

Izza – Você nunca se arrependeu de não ter continuado?

Alba – Não porque quando decidi realmente o que queria, fiz uma opção de vida. Falei com o Aluizio Finzetto e me afastei do auge. Até hoje continuo cantando, para mim e quando estou disposta em reuniões onde esteja entre amigos ou familiares.

lzza – O que te gratificou mais nessa época?

Alba – A amizade das pessoas que me apoiavam, e que gostavam de me ver cantar.  Gostei também de ter conhecido a televisão, o carinho do público. Fiz bons amigos.

Izza – Hoje o que mais te entristece?

Alba – Sentir que as pessoas mudaram bastante. Vejo até a juventude diferente. Naquela época tudo era mais romântico. Aos domingos eu ia dançar no Círculo Militar do Paraná e esta saída era esperada ansiosamente. No carnaval fazíamos uma fantasia para cada noite e nos divertíamos muito. Acho que tudo tinha mais espontaneidade e graça. Atualmente acho que falta algo para a juventude, talvez carinho, atenção ou diálogo. As coisas são mais frias, sem emoção.

Izza – Como é o teu temperamento?

Alba – Sou alegre, espontânea, simples e gosto de pessoas, independente de sua condição social ou raça. Sou romântica, curto as boas recordações e estar entre amigos, Adoro viajar, passear e ver coisas novas.

Izza – Qual seria o teu sonho não realizado?

Alba – Morar numa fazenda com muita paz, frutas e animais. Usufruir do campo tudo o que ele pode nos proporcionar; ou numa cidade pequena, acolhedora, com muita gente alegre a minha volta.

Izza – E o teu sonho realizável?

Alba – Continuar sendo como sou, tendo a vida que tenho e viajar para o Hawai que muito me fascina. Quem sabe logo eu chego lá.

Izza – Por quem você tem admiração?

Alba – Pelo Jaime Lerner, um homem espetacular com uma cabeça incrível que só enfeita a nossa querida Curitiba que adoro. Outra figura que sempre admirei foi John Kennedy pela sua inteligência e a Família Real Britânica.

Izza – O que você espera do futuro?

Alba – Que a paz volte a reinar e que esta guerra tumultuada acabe logo para que vidas sejam, poupadas e para que possamos ter tranqüilidade. E, que as pessoas tenham mais fé e amor para dar.

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