Curitiba, 09 de Junho de 1991
LEILA PUGNALONI; Ela fez dois anos de Belas Artes. Parque Lage no Rio de Janeiro. “The Art Students League of New York” e não parou mais.
Dedica-se a pintura desde 1977 com técnica e sensibilidade contribuindo para o enriquecimento das pinacotecas. Seu forte é o Abstrato com uma linha muito pessoal: Esta é Leila, Sra. Dr. Jaime Lechinski.
PESSOALMENTE
Temperamento: calmo e ao mesmo tempo, ansioso.
Signo: aquário com ascendente em Peixes.
Cor: azul, azul e azul.
Perfume: Choc no momento.
Não gosto de: pessoas que vivem reclamando, de baixo
astral.
Gosto: do amor como um todo. Universal.
Se eu fosse mágica: acabaria com a fome, e daria para as pessoas muito lazer.
A sociedade: é um todo com deveres e haveres. Estou dentro dela, convivo com diferentes grupos.
Vida social: gosto. Adoro gente.
Admiro: gente inteligente, ansiosa, produtiva.
Galerias de arte: prefiro não fazer comentários.
Felicidade: quando estou feliz, curto aquele momento. A felicidade deve ser comemorada e costumo agradecer a quem me proporciona. Agradeço a Deus .
Início
Início: comecei a desenhar e a me interessar por arte antes de 78. Em 77 eu já pintava alguma coisa. Me lembro que a Cleusa Salomão comprou o meu primeiro quadro. Logo fiz vestibular para Belas Artes, passei e não tinha mais muito tempo disponível para produzir. Nesta época eu tinha preconceitos com tudo o que não era super avançado.
ESTILO & FASES
lzza – Qual era o teu estilo nesta primeira fase?
Leila – Eu pintava figurativo.
lzza – Esta fase foi passageira?
Leila – Eu mudo muito. Quando passo uma etapa, rapidamente rompo com aquilo e parto para outra. Eu sou assim. O ser humano é assim porque vai se superando ao longo do tempo. Temos esta chance. Raciocinar para
, crescer.
Sensibilidade e emoção – Desconfio muito de quem diz que está realizando pois sei que o ser humano é eternamente insatisfeito. A busca é incessante. O artista mexe muito com a emoção e com a sensibilidade por isso está sempre em processo de ebulição. Tudo é ansiedade …
Conceitos e preconceitos – Eu perdi muitos preconceitos. Hoje em dia, eu já tenho uma abrangência maior daquilo que entendo como atividade criativa artística, então consigo entender outras tendências quando são profundas e sinceras e sei detectar também quando vejo uma ar¬te que poderá levar ao grande sucesso que é fazer dinheiro.
PÚBLICO E ARTISTA
lzza – Quem curte arte?
Leila – As vezes os que já desenharam ou pintaram algum dia, por sensibilidade ou por mil motivos.
lzza – E o público curitibano?
Leila – Antigamente as pessoas compravam quadros por urna estratégia de mercado local. Faziam de determinada pessoa um fenômeno de uma hora para outra. Pode até ter acontecido que alguns artistas tenham se realizado as¬sim. O público curitibano mudou, agora querem ter o que gostam, e não porque existe um lobby em torno do nome do artista. Acho que está acontecendo algo mais seletivo.
lzza – Como é um bom artista?
Leila – Eu pessoalmente tenho a maior admiração pelos que são obstinados, se aprimoram, batalham. O artista tem várias facetas. Por exemplo, há os que têm uma bela mensagem, profundamente sincera e produzem muito e os que pensam seriamente em transmitir um pensamento, mas que produzem pouco. O artista cria tanta expectativa para o público que eu lamento quando vejo um que não direciona bem o seu trabalho que não tenta crescer. Arte é
um pouco mais do que um bem de consumo.
ARTE COMO PROFISSÃO
lzza – O que representa a arte para você?
Leila – Eu pinto porque é a minha profissão e hoje posso dizer que vivo do meu trabalho. É profissão até certo ponto, uma atividade como outra qualquer. Eu vivo de arte para poder ter alguma dignidade, para poder ser até um exemplo.
lzza – Exemplo de qual forma?
Leila – Porque, num país pobre como o nosso, viver da arte já é uma revolução que você faz. Me sinto privilegiada por ISSO.
lzza – É difícil ser artista aqui no Brasil?
Leila – É difícil ser artista para aquele que está tentando se firmar profissionalmente porque esta escalada requer desgaste como a busca das informações que ainda são difíceis e a compra do material que é dispendioso. Também é difícil para os que atingem um reconhecimento, ficarem indiferentes a pobreza do País em que vivemos. Isso traz uma responsabilidade a mais para o artista. É difícil pensar somente em arte quando há tanta injustiça social a nossa volta …
PROPOSTA
Quando você tem uma proposta de qualidade ultra avançada, assume risco e um compromisso mais pro¬fundo com teu trabalho. Exercícios, dificuldades, aprovação, são inúmeros os desgastes que você vai repondo através de teu ciclo contínuo de tua atividade. Você vai trabalhando e vencendo os obstáculos. A vida é assim e a arte não está separada dela.
~
LEMBRANÇAS
Izza – O que te marcou em tua trajetória artística?
Leila – A exposição “Bicicleta” com vários bons artistas em 1982. O lançamento do Álbum com Alice Ruiz “Rimagens” e a minha exposição no Rio de Janeiro que depois foi trazida para o MAC “Alphavelas” pelo Leminski.