Curitiba, 23 de Dezembro de 1990
DENISE LEAL RIBAS; ela é dinâmica e está constantemente preocupada em fazer moda. Há dez anos comanda juntamente com sua sócia Ana Maria Thá a A.D. Confecções, empresa de sucesso em todo o Brasil. Ela nos conta um pouco de sua vida e de sua atividade profissional. Esta é Denise, Sra. Antonio Batista Ribas.
Signo: Capricórnio. Cor: Preta.
Elegância: Cada um deve saber o que lhe cai bem;
Moda : Cada um faz a sua;
Política : Nos tempos atuais temos que confiar no Presidente;
Sonho : Ser feliz sempre;
Perfume : Ópium.
lzza – Como nasceu a A.D. Confecções?
Denise – Nasceu quase por brincadeira. Eu e a Ana Maria sempre tivemos vontade de criar as nossas próprias roupas desde os tempos do primário. Comprávamos algumas coisas, brincávamos, inventávamos moda. Nos formamos no colégio e na época eu trabalhava com meu pai no Hospital Santa Cruz. Certo dia compramos duas peles de camurça. Eu fiz uma roupa preta e a Ana uma bege. Os trajes fizeram sucesso e as pessoas começaram a pedir que fizéssemos também para elas. O próximo material a ser trabalhado foi o couro e quando ficou muito caro, passamos para a malha usando o couro somente para detalhes. Os pedidos foram aumentando e continuamos com “aquele” pique até conseguirmos ter a nossa própria malharia.
lzza – Qual é o estilo que predomina na A.D. Confecções?
Denise – Adotamos o estilo mais Chanel, clássico, ou diferente. Usamos adornos, detalhes como correntes e até conchas para a moda verão. Reconheço que a nossa roupa é chie e o estilo é único. No Brasil não existe similar. Claro que para mantermos o pique temos que estar constantemente nos atualizando, não só em idéias mas também em maquinários. Este ano adquirimos uma máquina importada, italiana. O material que utilizamos é de primeira linha.
lzza – Você acha que em Curitiba as pessoas prestigiam prata da casa?
Denise – Temos clientes que desde o começo sempre foram ótimas e que continuam fiéis. Mas acho que aqui falta união entre pessoas do ramo. Por exemplo, me ligam perguntando onde compro botões, aviamentos, etc. Preferimos fazer peças exclusivas. Trazemos novidades, detalhes, quando viajamos. O material é fino e importado.
lzza – Quem é responsável pela criação dos modelos?
Denise – Como somos sócias e amigas fazemos tudo em conjunto. A Ana fica mais na parte administrativa, financeira mas sempre no momento de definir uma coleção nos reunimos, catalogamos idéias. Sei que dá para conversarmos muito porque nossa empresa ainda é pequena. Por enquanto dividimos bem as coisas, viajamos bastante, na medida do· possível, buscando novidades.
lzza – Não é difícil manter exclusividade em Curitiba, já que as boutiques são muitas?
Denise – Aqui trabalhamos com duas boutiques a Joy e a Trama. Temos grandes vendas no Rio de Janeiro e uma boa representante, a Maria Eugênia Leão. Como ela mantém o varejo, tem como cliente a Rosane Collor, Marcia Peltier, que apresenta o Jornal Nacional, Terezinha Morango Petigliani, etc., que inclusive no último desfile que fizemos no Rio, vestia uma de nossas roupas.
lzza – Vocês já tentaram exportar?
Denise – Já mandamos para os Estados Unidos, para França e para a Suíça, mas não é possível competir lá fora pelo preço o dólar. A nossa roupa para eles fica muito cara e ainda há o custo de exportação, etc. Na atual conjuntura é impossível porque não podemos baixar os preços, a nossa matéria-prima está muito cara o que é realmente pena, pois nossas clientes que viajam com as nossas roupas fazem muito sucesso.
lzza – O comércio está sofrendo atualmente com as novas medidas econômicas. Você acha que o plano afetou consideravelmente as confecções?
Denise – Acho que todos sentem os reflexos, mas com trabalho e dedicação as crises são superadas mais facilmente. Não sentimos muitas mudanças porque a fase de final de ano ajuda muito. Além disso participamos de três feiras, divulgamos o nosso produto e estamos satisfeitas. Vendemos para boutique e não para grandes magazines. Temos clientes desde São Luís, Natal até Porto Alegre que compram constantemente.
lzza – Quais foram as medidas adotadas para cooperar com o Plano Collor?
Denise – Não aumentamos a estrutura, pelo contrário, valorizamos os nossos funcionários dando-lhes uma participação maior, um incentivo. Os que quiserem, optam pelas horas extras quando podem, pagamos bem a hora extra. Eu estava precisando de novas funcionárias por isso propus contratar novas ou abrir novo espaço para os mesmos ganharem melhor. Eles preferiram este sistema. A maioria está colaborando e usufruindo de um salário melhor. Claro que deixamos livre opção. Tivemos muitos pedidos porque abrimos frentes e achamos que quando existe crise as pessoas não devem se encolher. Temos dezoito funcionários e alguns triplicam o seu salário. Votei no Collor e acho que tem que dar certo. A colaboração de todos é essencial.
lzza – Em termos de Brasil quem você classifica como elegante?
Denise – Terezinha Morango Petigliani. Acho que a elegância cada um faz à sua maneira. Você pode ser charmosíssima e não ser necessariamente bonita.
lzza – Para finalizarmos, você se sente realizada profissionalmente?
Denise – Só sei que para a gente conseguir o que quer ,o trabalho é.fundamental. Tenho uma sócia muito legal há dez anos e deu certo. É como um casamento, Fazemos o melhor pelo mesmo ideal, é a confecção. Pretendemos construir algo que fique para o futuro, que passe para outra geração e que tenha continuidade, e que o nosso trabalho não tenha sido em vão. Queremos cada vez inovar mais e para o ano já fizemos mil planos de aumentar, fazer a nossa sede própria, com show-roon, etc. E, futuramente, quem sabe, mostrar a nossa roupa no exterior.