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“Coração e emoção” expressa Anita Zippin Monteiro da Silva

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Curitiba 24 de Março de 1990

 

ANITA ZIPPIN MONTEIRO DA SILVA tem quinhentas crônicas publicadas; recebeu o prêmio Cidade de Curitiba Literatura; os melhores do ano em 1989 do Diário Popular; os melhores do ano do jornal O Estado do Paraná também em 1989 como cronista. Mulher atuante, desempenha vários cargos, entre eles, Assessora Jurídica do Tribunal de Justiça. Esta é Anita, Sra. Marco Antonio Monteiro da Silva.

 

Izza – Quantos livros você lançou até agora?

Anita – Até agora foram lançados dois livros – “O Dálio que eu vi” quando meu pai completaria cinco anos de passagem para o outro lado da rua da vida, como diz o Wanderley Dias. Foi uma homenagem que prestei a ele e acho que lá de cima ele viu. O segundo livro foi lançado também em 17 de outubro de 1989, graças ao Banestado e se institui “Década” – uma coletânea das principais crônicas que fiz durante dez anos na Gazeta do Povo, Indústria & Comércio e Jornal do Estado.

Izza – Você continua fazendo cronismo nestes jornais?

Anita – Continuo e estou perto de quinhentas crônicas publicadas. Confesso a você que muitas coisas a gente escreve e não publica.

Izza – Como nasceu a primeira crônica?

Anita – Achei que no livro “Década” seria interessante constar a minha primeira crônica “Apoio aos Médicos”. O médico Moisés Paciornik sofreu uma injustiça perante o Ministério da Saúde. Ele representa este Ministério no exame de prevenção ao câncer ginecológico. Levava com ele uma série de médicos fabulosos para o interior sujeitando-se a dormir em hotéis de quinta, sexta ou sétima categoria. Era um cargo mais honorífico para ele e foi delegado aos estudantes de medicina. Nenhum colega do Dr. Moisés se pronunciou sobre o assunto. Na época, eu era assessora do secretário Arnaldo Busato e encontrei o Dr. muito humilde e simples, demonstrando uma tristeza muito grande, principalmente porque ninguém tinha intercedido por ele. Por isso, através de minha crônica, fiz um apelo aos médicos e a minha voz foi ouvida. O assunto apareceu na televisão, em vários jornais, houve retorno. Logo em seguida eu prestei uma homenagem ao meu pai que completava 45 anos de formatura. Ele ficou emocionadíssimo e eu muito feliz por ele ter gostado tanto. Acho que determinadas palavras que às vezes fluem através da máquina, podem ser aquilo que algumas pessoas estão precisando ler.

Izza – Você é sonhadora?

Anita – Eu não consigo viver de fantasias. Eu posso enfeitar um pouco as estórias, tirar o nome da pessoa para que ela não seja identificada, mas eu não consigo montar um fantasia . Acho maravilhoso os escritores que conseguem montar uma ficção. Os personagens existentes nestas 500 crônicas são reais. O assunto existiu.

Izza – Qual será o próximo livro?

Anita – Estou estruturando agora um livro de contos. Será a minha terceira etapa. Confesso a você que um livro de contos já não é tão difícil quanto um livro de crônicas. Estou ainda tentando situar alguns contos, fatos que ocorreram trocando nomes, locais, etc. Alguns já estão prontos.

Izza – Por que, para você a crônica parece mais fácil do que o conto?

Anita – Porque a crônica é a realidade onde procuro usar a linguagem do povo, é curta e fácil, digerível. A pessoa que lê pode dizer: gostei ou não gostei. Para o conto, o ambiente tem que ser muito bom para que entremos nele, assim como o romance que seria o terceiro estágio. Eu admiro quem tem capacidade de fazer um romance e confesso que eu ainda não estou pronta para isso. Gosto de algo mais concreto e de assuntos mais sólidos que tenham começo, meio e fim.

Izza – Eu soube que você gosta de cinema?

Anita – Eu adoro, já assisti todos os filmes do Oscar que passaram por aqui e, se eu pudesse, estaria presente no dia da entrega do prêmio vendo os meus ídolos. Sou capaz de assistir três ou quatro Filmes por dia. concordo que o vídeo traz consigo suas vantagem, mas acho também que ele não tem o clima, a paixão, a magia especial e o encanto do cinema. Pena que os cinemas de Curitiba estejam sofrendo uma deterioração.

Izza – E o CEJA? O que representa?

Anita – Tenho um cuidado especial com os menores. Por isso atuo no CEJA – Coordenadoria Estadual Judiciária de Adoção, criada no Paraná. Agora estamos vendo se transformamos isso através do deputado Airton Cordeiro, em órgão a nível federal, ou seja, todo o Tribunal de Justiça tem que ter um CEJA; é este órgão que fará a triagem de casais estrangeiros para adoção de menores. Com isso, diminuímos consideravelmente o número de crianças vendidas que seguem para o exterior. O Tribunal de Justiça tem condições de examinar cada caso. Eu tenho uma ideia que quero ver se passa para o Código de Menores: existe na Itália uma lei que faz com que as doações obedeçam a uma ordem biológica. Até os quarenta anos os pais adotivos podem adotar crianças de dois anos e assim por diante. Isso seria uma solução para as crianças que estão paradas no Juizado. Essa medida diminuiria também o número de meninos de rua que todos estão achando que é problema, mas ninguém vê a raiz. Pensam em cuidar da criança quando ela está na rua. Falam do controle da natalidade quando a mulher está copulando, falam na prevenção com o uso da camisinha quando a mulher nem tem dinheiro para comprar pão. Nós estamos achando que isso seria uma excelente solução para o novo código de menores que está para entrar em vigor.

Izza – Qual é o cargo que você ocupa no CEJA?

Anita – O deputado Airton Cordeiro – que faz parte da Comissão de Adoção do Governo Federal – é o vice-presidente da Comissão e a deputada Sandra Cavalcanti é a presidente. Ele pediu que saísse daqui do Paraná todo e qualquer auxílio e, principalmente, um estudo sobre o código de menores que está em andamento. O deputado gostaria que partisse do Paraná as grandes idéias e pediu que eu coordenasse este trabalho. Junto comigo está o Dr. José Vanderley Resende, que responde sobre o Juizado de menores, Jane Prestes que é assistente social do Juizado há muito anos, o Dr. Moacir que está no Tribunal de Alçada e muitas pessoas mais.

Izza – Estas crianças que nascem e a mãe não assume, ficam no hospital?

Anita – O Hospital é obrigado a comunicar o Juizado de Menores. Depois disso, a criança vai para um orfanato sob a responsabilidade do Juizado que, dispõe de escolas como a Tia Paula que cuida das mães solteiras que desejam doar seus filhos. A fila de espera é enorme, então é feita uma triagem dando preferência aos brasileiros.

Izza – Quais são os requisitos para adoção?

Anita – Não é vista somente a condição financeira. O casal tem que ter condições físicas, uma vida estável, educação, etc. É importante que sejam trabalhadores e de preferência, casais sem filhos para não haver comparação. Nestes projetos eu ajudo a desembargador Andriguetto, que faz parte desta Comissão, a fazer o estudo.

Izza – Quais seriam as tuas outras atividades?

Anita – Faço parte da Academia de Letras José de Alencar, Centro de Letras do Paraná, Centro Paranaense Feminino de Cultura, Associação dos Diplomados da Escola S uperior de Guerra e sou presidente da Associação dos Diplomados do Curso de Extensão Cultural da Mulher, Assessora Jurídica do Tribunal de Justiça, atualmente assessoro o desembargador Jorge Andriguetto, em especial a Comissão de Organização e Divisão Judiciária, responsável pela criação de Varas.

Izza – Qual é a sua função no centro de Letras do Paraná?

Anita – Agora com o Walfrido Pilloto sou a segunda oradora. Poderia dizer a você que lá estou aprendendo e vivendo porque Walfrido tem o dom de transmitir vida em tudo o que faz, é uma cabeça maravilhosa.

Izza – E na ADESG?

Anita – Sou uma das coordenadoras e posso dizer que neste ano a ADESG conseguiu comprar sua própria sede, a primeira do Brasil, com ajuda de todos os adesguianos e uma campanha nossa que o delegado João Laurindo começou. A pequena sede própria foi inaugurada, e a ADESG tem muito a ver com patriotismo. Como presidente da ADESG Feminina, no ano passado, promovemos um curso de 4 meses em horários nobre, para a dona-de-casa, em que 7 senhoras de 20 a 75 anos tiveram noções gerais sobre tudo. Convidamos palestrantes do Paraná e fizemos cursos na Universidade Federal, no Salão Nobre da Faculdade de Direito. Homenageamos com isso dez anos da entidade e todas as presidentes. Vamos manter um ciclo de estudos, seminários e palestras voltadas sempre à cultura.

 

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