Curitiba, nestas mal traçadas linhas, (como diria o meu saudoso querido primo, Sérgio Mercer, com o seu humor pra lá de inteligente, meu parceiro em composições), venho expressar minha profunda gratidão, pois quando aqui cheguei o seu frio me aqueceu com a sua aconchegante acolhida.
Chegamos e nos estabelecemos na Rua Maria Clara, 310 no Alto da Glória. A casa de Edmundo Mercer e Santinha, carinhoso apelido de minha querida mãe, era uma casa grande para uma grande família.
Tínhamos poucos vizinhos. Na frente o Cemitério Luterano e ao redor, as residências da família Leão, Lulu Mercer, seu Nininho, Senador Accioly Filho, os Grummt, os Prosdócimos entre outros. Na esquina o campo hoje, Estádio do Coritiba.
Algum tempo depois veio a Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro dos amigos padres Redentoristas que por muito tempo foram nossos hóspedes. A casa dos Mercer sempre recebeu com alegria amigos e parentes. Nas férias, esperávamos com ansiedade a chegada das primas Beatriz, Tide, Maria Helena Paes de Barros Mercer, que vinham de São Paulo……imaginem!
No Alto da Glória, com o “Estádio do Coxa”, vivíamos em total harmonia. Em casa sempre fomos e somos “Furacão”.
A segunda residência era o “Círculo Militar” do Paraná, onde fiz grandes amigos. Lá fundamos o “Grêmio Haway” com diretoria e demais colaboradores voluntários. O presidente era o Meila e outros, César Cunha, Luiz Roberto Rocha, Gasparin, Odon, Regina minha irmã, Eddy companheira e vizinha.
O “Grêmio Haway”, era o maior sucesso! Nas noites e também tardes curitibanas formávamos conjuntos musicais que animavam as tardes dançantes dos clubes da cidade, Graciosa, Curitibano, Concórdia…Ora César ia para o piano e demais amigos para o palco…ora, éramos nós, Regina ao piano, Eddy na percussão, Luiz Rocha na bateria e eu cantando. Muitos jovens viveram a alegria de nossos eventos.
O presidente do Círculo Militar do Paraná era o querido General Iberê de Matos, que com a sua diretoria nos dava toda liberdade e apoio. Era só festa!
Quantas histórias incríveis, sensacionais! Boas lembranças. Passear na Rua das Flores, Boca Maldita, Cine Ópera, Avenida…
Ler as últimas notícias sociais da coluna do Dino Almeida, Baile das Debutantes, pura emoção. Inclusive foi Dino Almeida que me levou a notícia que eu seria a “Rainha das Debutantes”.
Mais uma vez, Curitiba me abraçava e foram muitos e muitos abraços que dela recebi.
Entre festas, futilidades e lazer, sempre me dediquei ao trabalho comunitário. Aos 15 anos eu já era Legionária de Maria do Colégio Sion. Visitávamos os asilos do governo, creches, vilas, onde eu podia com a minha companhia, cantar para meu prazer em alegrar, com o dom que Deus me deu, onde quer que eu ia… No então bucólico “Alto da Glória”, as serenatas quebravam o silêncio. A emoção de acordar com violão e a voz do seresteiro…quantas lembranças de muitos amores…
Mais tarde, continuando o voluntariado, eu passava os meus dias junto ao Juizado de Menores, cuidando, encaminhando e acompanhando as crianças inclusive em hospitais de neoplasia.
Sempre por esse caminho, participei da “Oficinas de Santa Rita de Cássia”, na qual com muito carinho e dedicação cheguei à “Presidente Geral das Oficinas de Santa Rita”.
Me recordo que numa linda festa no Clube Curitibano recebi com enorme emoção o troféu “Mulher Curitibana”. Curitiba me abraçava novamente.
Feliz, sempre cantando em vários momentos e lugares, hoje continuo a minha caminhada agradecendo a Deus pelo meu destino, por ter me conduzido a “Terra dos Pinheirais”.
Por tudo isso, preciso te dizer Curitiba: – “Eu que nasci em Tibagi e me criei em Londrina te acho linda! Gosto e muito do seu clima e de sua gente. Gosto e me identifico com o seu povo”.
Termino essa carta de amor e gratidão. E com lágrimas nos olhos, do fundo do meu coração, sou feliz por ter me adotado!
Lembrando meu saudoso e talentoso, Sérgio Mercer…
“O coração curitibano é o nosso coração”.
“Curitiba eu te pertenço”
“Você é o meu lugar”.
Margarida Mercer – Artista Plástica, Compositora e Poeta. Foi aluna de Guido Viaro e especializou-se em Artes Plásticas com Lia Folk, Eulália Mussak e Ione Siemsem-Escola de Belas Artes do Paraná. Possui mais de 230 obras catalogadas. Encontrou na arte a sua grande fonte de inspiração e profundo talento.