Curitiba, esta terra abençoada que passei a respeitar desde o primeiro dia em que para cá me mudei. Naturalmente, no início estranhei muito e, como paulista, enfrentei inúmeros problemas. Até mesmo no açougue fui alvo de diversas brincadeiras. Ao pedir contrafilé, o açougueiro dizia: “Aqui tudo é a favor. Nada é contra”, apenas para citar um exemplo.
A falta de amigos, a distância da família, a incerteza do porvir… tudo para mim era muito triste. Para dificultar, não conhecíamos ninguém por aqui. Além disso, como muitos forasteiros já haviam transitado por esta região, a princípio também fomos vistos como tais, o que dificultou nossa imediata aceitação por parte da população.
Para quem vivia em São Paulo, onde eu administrava nosso hospital, na região norte da cidade, foi um choque muito grande no momento em que meu marido, Nelson, empreendedor de nascença, resolveu vir para a capital paranaense realizar a árdua tarefa de construir um cemitério vertical. Pensava a todo o momento como iria abandonar o hospital e acompanhá-lo. Somente depois de várias conversas resolvemos arrendar o estabelecimento para um grupo de médicos que lá trabalhavam, e assim pude acompanhar meu marido.
Meu filho, Newton, quando aqui chegou tinha apenas seis anos de idade e constantemente chorava por querer voltar para São Paulo. Precisou se adaptar a uma cidade cujas escolas exigiam de seus alunos respeito para com professores e colegas, humildade e responsabilidade em todos os afazeres. Teve de aprender até mesmo o que era “penal” e “farnel”, pois, como paulista, conhecia apenas “estojo” e “lanche”. Até que com o passar do tempo tudo foi se acomodando. Hoje em dia, chego a duvidar haver alguém mais curitibano do que ele.
É justamente o Newton quem dá continuidade à obra que seu pai empreendeu. Sim, hoje o Cemitério Vertical é uma realidade. O empreendimento conta com a participação de 13% da população de Curitiba e o primeiro forno crematório de Curitiba, fato que nos enche de orgulho e gratidão por essa população que acreditou em nossos propósitos e nos deu apoio para a conclusão dos ideais do Nelson.
Aqui, muitas amizades conquistei. Algumas saudosas, como Mirit Cornelsen e Zulu Pimentel, as quais me ajudaram a dar os primeiros passos nesta cidade, para mim até então desconhecida. Por intermédio dessas amigas maravilhosas comecei a participar de festas e reuniões. E por que não falar do joguinho de tranca, que até hoje cultivo como a mais bela flor do meu jardim, pois nesses momentos de descontração tenho a oportunidade de solidificar os grandes laços de amizade construídos.
Nesta cidade também tive a satisfação de compreender muitas coisas sobre minha vida ao conhecer uma série de livros encantadores, chamada Mente Ronin, em que o autor Akbar nos ensina que todas as dificuldades e dores por que passamos nos servem de aprendizado e evolução. Segundo ele, uma forma de se atrair energia positiva é pensar positivamente e agradecer por tudo o que acontece conosco, pois esses atos modificam a frequência de nossa vibração mental, emocional e espiritual ao nos gerar satisfação e entusiasmo.
Portanto, Curitiba, minha eterna gratidão a você e a seus filhos, que nos acolheram de forma carinhosa e respeitosa! Amo você de tamanha forma que não admito que falem mal nem do seu frio, pois até ele faz o seu povo lindo e elegante.
Serei grata a ti, eternamente !
Marisa Cabral Fernandes
Administradora de empresas. Pós graduada em Administração Hospitalar.
Trabalhou por 40 anos nas empresas da família onde exerceu diversos cargos, administração do Hospital Presidente I , e Hospital Presidente I I , localizados em São Paulo. Em Curitiba trabalhou na administração do Cemitério Vertical por 5 anos.