Curitiba, 06 de Julho de 2018
Cidade das Araucárias, quando eu for embora vou te levar!
Eu nunca guardei memórias, mas é como se as guardasse. Não te levo no meu lembrar, assim correria o risco de te esquecer.
Vou te levar em minha alma, que foi marcada pelos meus dias com você.
Não preciso carregar malas, as marcas seguem permanentes comigo.
Toda a paz das praças sem gente. Toda a alegria no barulho da feira.
Levo a sensação dos respingos do chafariz, e até mesmo a textura das pedras do calçadão sob meus pés.
Todas as suas impressões sentam-se ao meu lado decorando harmonicamente minha alma. Continuo a seguir e olhar. Sinto o vento de um dia de julho com sol, e ainda escuto o barulho da porta de ferro que abri. Não era uma porta qualquer, era o começo de um sonho com CNPJ e endereço fixo.
Uma travessa tão pequena quanto minha experiência, em plena Jesuíno Marcondes aprendi minhas primeiras lições. Sobre o comércio, sobre trocas justas sobre vender e doar meu tempo para alguém, que me levaria a ser maior do que um dia imaginei.
A Travessa mudou, meu sonho mudou, eu mudei. Não importa o quanto nos transformamos. Em todos os endereços da minha cidade, minhas mãos colheram flores.
Cresci aqui e a Cidade não me exigiu nada em troca, apenas alimentou meus sonhos com oportunidades. Ainda que algumas vezes, disfarçadas em infortúnios.
Eu apenas segui o fluxo, aprendendo os caminhos da cidade.
Para além das curvas do Bom Retiro, percebo que cidade está em mim.
Uma parte de mim é a multidão no calçadão, outra parte é a leveza do vento que balança as árvores da Praça Osório. Curitiba me moldou pelas mãos das estações.
Não importa se choveu novamente, ou onde esqueci meu guarda-chuva.
Eu conheço teu céu cinza e o teu sol. Aqui a luz sempre volta, e ela é mais do que suficiente, para secar minha roupa, lágrimas e alma.
Sou a gratidão pelo nosso legado. Sou o fruto do que a terra daqui me permitiu ser. Uma parte permanente – meu passado imutável.
Da nossa história retiro algo, e construo um artefato, que me leva para o futuro.
Mas se ali na frente eu não estiver mais aqui, cada esquina será uma saudade de pedra, da cidade em minha alma.
Creio bem que Deus nos fez para esta e outras vidas. Ainda que não haja explicação, há sempre uma razão para a minha eterna raiz imperecível estar contigo.
Autora:
Empresária. Bacharel em Direito, fundadora e franqueadora da Casa da Bruxa
Suellen é bacharel em Direito, mestranda em Direção Estratégica de Marketing pela FUNIBER e está cursando MBA em Inteligência e Gestão do Varejo pela ESPM. Empreendedora desde os 18 anos, fundou há três anos a Franqueadora Casa da Bruxa. Otimista de plantão e apaixonada pelo comércio, dedica seu trabalho à compreensão do varejo e sua evolução, além da venda de doces com magia para todo o Brasil.