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“ACHO IMPORTANTE O CARINHO E A CONFIANÇA QUE DEPOSITAM EM MIM” fala Vera Abage

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Curitiba, 3 de abril de 1988

 

VERA ABAGE, Começou no Turismo por hobby, foi crescendo e hoje dirige com garra e simpatia, a “Esferatur”. Adora movimento, novos conhecimentos, e tem como objetivo entrar na Política. Vera é mãe de Alexandre, Nassib, Andre, Maria Rosa, Alessandra e Jorge Filho e esposa do empresário Jorge Abage.

 

IZZA: Por que “Turismo” Vera?

VERA – Um dos maiores motivos, foi exatamente gostar muito de viajar, e isso já vinha de família, e eu, por ter sido sempre passageira, conhecer os 5 continentes, fui procurada por vários amigos para organizar roteiros. Comecei a fazer isso, ajudei a essas pessoas com os meus conhecimentos. Conheço diversos pontos do mundo, então fui convidada por duas agências, especialmente uma delas operava nos Estados Unidos. Isso era uma coisa que me interessava bastante, então resolvi começar como freelance, principalmente com pacotes para Disney. Minha meta era levar pelo menos 100 passageiros de cada vez.

Trabalhei aproximadamente dois anos e meio. Foi muito bom e cheguei à conclusão de que, pelo meu temperamento, conhecimento e tudo, estava perdendo tempo como freelance, pois valeria a pena ter minha própria agência para poder atender aos clientes da forma que eu gostaria que eles fossem atendidos. Não que eles não fossem bem tratados, mas achei que eu tinha algo mais a oferecer, e foi exatamente isso que fiz. Comprei a Esferatur, uma agência que inclusive este ano está completando 25 anos, bodas de prata, em outubro. Continuei trabalho que há anos vinha desenvolvendo e com muita responsabilidade de atender a parte administrativa, financeira, vendas, etc.

IZZA – Você começou por hobby?

VERA – Sim, e no inicio tive alguns problemas com a família, pois achavam que eu não tinha necessidade de trabalhar, mas minha necessidade de interior gritou alto, era a vontade de fazer alguma coisa. Desde que se faça bem, aprecie e conheça, as coisas se tomam mais fáceis. Reconheço que dentro do meio turístico, são poucas as pessoas que têm condições financeiras para conhecer o mundo como eu. A maioria o faz rapidamente, voltam para sua terra e acabou. Eu esmiucei, procurei, conheci, visitei como uma pessoa de condição equilibrada. É diferente do que ir lá e ver só as coisas que as pessoas querem mostrar. Eu via tudo da forma que eu quisesse, e isso foi uma bagagem bastante grande e que acrescentou muito.

A grande verdade é que as pessoas conhecem superficialmente por questão às vezes de tempo. Eu fiz 5 vezes a Europa de carro, pesquisando quilometragem, realmente conhecendo, e hoje se eu quiser fazer um roteiro, faço até através de milhagem, trem, cano, avião, caminhos, rotas, cidades, restaurantes, exatamente também por ter sido passageira. O turismo sempre esteve dentro de mim, e meu pai, sempre falou, que antes de irmos para qualquer lugar, seria muito importante estudar tudo, desde a fundação da cidade, saber realmente o que se iria conhecer e eu sempre fiz assim; tudo, língua, habitantes, avenidas, monumentos, tudo o que se relacionava à cidade, ao pais. Nunca cheguei desinformada, e isso me fez gravar melhor. Além disso, tenho uma memória fotográfica e felizmente muita direção, pois me posiciono com facilidade.

IZZA – O que mais a emociona neste ramo?

VERA – Como um apostolado é levar grupos para Disney, jovens, meninas, rapazes, famílias, uma dedicação minha, interior. Sinto a dificuldade de muitos pais, que querem que seus filhos conheçam, mas que por algum problema não possam acompanhá-los. Esses pais sabem que eu atendo um por um como se fossem meus. Dá muito trabalho, mas é gratificante porque adoro o que faço. Deus me deu a oportunidade de poder crescer interiormente e eu jamais encarei qualquer observação como uma crítica, muito pelo contrário, mas de maneira construtiva. Me sinto apta, com uma equipe familiar. Dou o melhor de mim para que essas pessoas que viajam, jamais esqueçam, é maravilhoso, pois com isso, conheço as pessoas, o ser humano, seu interior, sua vida.

Vejo através dos olhos deles e cada vez é uma emoção diferente. Sinto quando vejo tudo novamente; o mundo de fantasia e o mundo da realidade. O importante é unir dois mundos. Cada vez conheço coisas novas, restaurantes, lojas, etc. Desde a hora que se sai de casa, deixando toda a mordomia, para nos dedicarmos a outras pessoas, acho importante o caminho, a amizade, a confiança que depositam em mim, principalmente agora que pretendo entrar na política. Quero ser deputada estadual exatamente por isso. Tenho recebido tanto em minha vida, tanto e de todas as maneiras.

De repente chegou a minha hora de poder dar uma parcela para a sociedade que tão bem me tem acolhido. Quero entrar na política para fazer alguma coisa pelo turismo. Num país como a Espanha, o turismo é a 1! arrecadação, mais do que qualquer receita. O Brasil é um pais tão bonito e grande e temos tudo, tantas condições. Dentro do Paraná mesmo, temos coisas lindas para oferecer ao mundo lá fora. Acho que chegou a hora de podermos fazer alguma coisa, e há muito o que fazer aqui.

IZZA – Você tinha desenvolvido alguma atividade antes do turismo?

VERA – Eu nunca tinha trabalhado. Sempre fui esposa, mãe, dona de casa e dondoca. De repente mudei todo um contexto e foi ótimo saber que eu tinha e tenho capacidade, condições para mudar o próprio equilíbrio e principalmente conseguir que nenhum item afete o outro. Hoje me considero assim; sou valorizada pela minha família dentro do que faço. Eles se orgulham, me auxiliam e me respeitam como profissional.

IZZA: E o relacionamento patroa empregados?

VERA – Para mim não existe patroa/empregado e sim amigos, a amizade, principalmente no trabalho, gera crescimento. Nunca somos tão importantes para não dependermos de ninguém. Meu pai sempre dizia: “Acredite e confie nessas pessoas e faça com que elas saibam o quanto são importantes”. Dou aos meus funcionários tudo o que seja deles de direito. Faço questão de oferecer cursos e a oportunidade de conhecimento.

IZZA – De todos os lugares que você conheceu, qual a marcou mais?

VERA – Dos países que visitei adoraria voltar à índia e à China. Índia, pelos mistérios, parte do contexto, povo místico que de repente tem muito e não tem nada palácios fantásticos e o povo só miséria material, não de alma. A índia me deu uma mensagem maravilhosa nesse sentido. Saber que tem um Gandhi, que conseguiu conquistar através do amor um povo, não pela guerra. Na China, realmente senti Deus. Consegui captar a maravilha que ele (Deus) deu, a felicidade de pessoas construírem, por isso foi muito importante.

IZZA – E os seus filhos?

VERA – Meus filhos são maravilhosos, me dão a condição de poder ser alguém e sinto que eles têm estruturas para crescerem cada vez mais. Alexandre, o mais velho, tem dezenove anos; Nassib, 16 anos; André, 15; Maria Rosa, 13; Alessandra, 12 e Jorge Filho, 10 anos. Deus me deu a felicidade de encaminhá-los, e peço a Ele que me ilumine para que eu possa dar para eles a vida que se propuseram cumprir aqui e que eu seja realmente um caminho, uma luz. Meu filho passou um ano no Canadá. Foi a melhor coisa que lhe aconteceu. Este ano vão os outros dois. Acho que a gente tem que dar oportunidade para os filhos, não só depois que eles terminarem a faculdade e estão já direcionados, e sim antes. O importante é dar chances de terem uma cabeça boa e equilibrada e muito amor, sempre orientando-os no sentido de ajudar o amadurecimento. O maior mérito que tenho na vida é a educação dos meus filhos.

IZZA – E o feminismo?

VERA – Sou a favor da feminidade. É tão bom sermos tratadas com carinho, amor e atenção. Acho que a mulher perdeu a essência e muitas perderam a vergonha, porque com essa liberdade de hoje confundem liberdades com libertinagem. Tem que haver distinção. Com a falta de respeitabilidade, a mulher perde muito. Claro, a mulher que trabalha paga um preço. Preconceito existe, principalmente da parte das próprias mulheres, algumas se preocupam mais com as outras do que com elas próprias. Esquecem-se de si e julgam as pessoas até mesmo com fantasias.

O conceito está mudando, mas acho que podemos ajudar muito, fazendo um trabalho de base com os nossos filhos, a juventude que está vindo aí, para tentarmos mudar as cabeças. Eu aprendi que a minha vida é importante tanto para mim, e não me incomodo com o que as outras pessoas pensam. Desde que o meu marido e filhos não sejam contra. Não aceito o julgamento de outras pessoas. Acredito e sou acreditada e isso é o que basta. O respeito mútuo é muito importante. Hoje, enfrentar barreiras, ir à luta não é fácil. Estou preparada para isso, cumprindo o meu trabalho, fazendo o que gosto e tendo o apoio das pessoas com quem convivo.

IZZA – E a vida social?

VERA – Eu adoro. É a maneira boa de curtir, participar e estar com outras pessoas. Gosto do ser humano, da vida. Quando Deus criou o mundo, o melhor foi criar o ser humano, que tem tanta coisa para dar. Basta que o entendamos. Já recebi muito, tenho bom astral e muito para dar.

IZZA – Vera, para finalizar, você tem algum sonho?

VERA – Meu sonho é poder fazer o que gosto, e estou conseguindo conciliar, concretizar tudo, isso desde que se consiga conciliar, amor, casamento, filhos, amizade, trabalho, sociedade, fazer um apanhado geral e elevar isso dentro de um nível que venha condizer numa maneira digna, é perfeito. O outro é ser político, uma meta. Conhece o mundo inteiro. Através de uma viagem se consegue dar de si sem pensar em si (lema rotariano). Porque assim concretizo meu trabalho. Quanto mais eu viajar, mais apta fico a indicar.

 

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