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“Parece que eu nasci há uns 300 anos atrás!” revela Luiz Augusto Juk

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“Um dia um cara maduro, com os cabelos grisalhos, nascido em Pirai do Sul e que optou por morar em Curitiba, reuniu seus filhos e falou…. Era para que soubessem um pouco dele desde quando chegou a capital paranaense. Contou uma história mais ou menos assim”:

Eu vivo Curitiba. E parece que nasci há uns 300  anos atrás…

Eu vi o Lineu Tomas servindo na Base Aérea. Também andei em garupa de moto para consertar janelas. Eu vi nascer aqui meus quatros filhos: a hoje,  doutora Yohanna, a minha professora da vida  e assistente  Mahara e os gêmeos queridos Luiz Augusto Juk Junior e Vitória Augusta.

Eu vi Jaime Lerner mudar Curitiba. Eu vi nascer a Rua das Flores, a implantação da estrutura da mobilidade urbana, e muito mais.

Eu vi Paul McCartney na Pedreira Paulo Leminski, sim eu vi e curti.

Vi a Ópera de Arame ser montada em apenas 75 dias. Ali conheci “ao vivo” Oscar Niemeyer, o autor do “Olho” de Curitiba.

Vi a “Bala Zequinha” ser trocada entre as mães, crianças e avós.

Eu vi o curitibano Poty, que  nasceu em 29 de março, desenhar, fazer gravura e deixar sua arte em toda cidade.

Vi inaugurar o Teatro Paiol com Vinicius de Moares, Toquinho, Marília Medalha, Trio Mocotó. Sim eu vi.

Eu vi e vivi o charme do Bar do Pasquale aos sábados no Passeio Público. Eu vi e vivi as “Diretas Já”, na Boca Maldita. 

Vi a banda “A  Chave” tocar, vi Orlando manusear as baquetas e agora fotografar,  ouvi a voz do gaúcho Ivo Rodrigues gritando o Rock and roll paranaense.

Vi o Paulinho derretendo com um solo a guitarra e o Carlão com o tom do baixo. Vi o Paulo Juk, no “Movimento Parado”, cantar a profética música “Ano 2000”.

Vi nascer a banda Blindagem, com Pato Romero, Paulo Teixeira, Paulo Juk e Alberto Rodrigues. Sim eu vi e convivo.

Vi o musico e arranjador, o premiado Celso Pirata Loch, trazer novidades musicais e equipamentos de Nova Iorque.

Vi João Lopes lançar o Bicho do Paraná.

Vi o guitarrista Cabelo de muita intimidade com as cordas.

Vi o Montanari ao piano no Hotel Slaviero.

Eu vi o Saul, no Trompete, mostrar arte soprar música.

Eu vi o primo “Soneca” cantar nos botecos.

Eu vi Dinovei Campos orientar minha vida.

Vi o Walcimar ensinando a trabalhar, me vi ao meu lado do poeta Wilson Bueno na redação de uma rádio, vi o Almir Feijó na locução do grande Jornal Colombo. Sim eu vi.

Vi o Zair chefiar, com as ordens do prof Danilo na ação de comandar.  Sim vi e convivi.  

Vi o Jorge Narozniak defendendo Guaraqueçaba. Também vi e gravei Carlos Lacerda discursando em Curitiba num clima de ditadura.

Vi o Valêncio Xavier, fazer roteiro e dirigir Tv sem pestanejar   assim como o  Sylvio Back   produzindo filmes que deu o que falar.

Eu vi o Diário do Paraná noticiar e depois fechar.

Eu vi o Queiroz pautar,  o vi o Novaes chefiar, vi Cripa internacionalizar, vi o Paulo Lepcka redigir, o Eurico, a Lucia Rita, a Dalvinha Nhé nhé nhém  batucar as letrinhas, vi Léo Kriger com muita esportiva detalhar, vi o Marins ganhar prêmio, vi  Mario Nunes, o Airton,  o Eugênio  e o Jansen  fotografar.

Vi o Bittencourt, o Vermelho, o Tarás e o JJ garimpar notícias e publicar.   Vi o Edil  Boamorte diagramar. Vi o professor Aroldo criticar e elogiar e comandar. Vi e vejo o Mazza  escrever, opinar e a ele referenciar. 

Eu vi Iza Zilli, dezenas de livros lançar, mas com o jornalismo trabalhar para o High Society ela informar.

Vi o “seu” Miro Juk, arquivar, vi D. Haideê costurar. Via a mana Beka, viajar para o oriente com o cunhado Gianni e de lá noticiar.

Vi o Dino Almeida destacar o glamour e o charme  feminino das curitibanas. Sim, eu vi e convivi.  

Vi o Bar do Luiz, na madrugada, fechar. E também vi Bar Palácio mudar. Eu vi Jamil Snege, na Velha Adega, nas noites de saudável boemia, com o sabor da juventude. Juro que vi.

Vi a ousadia do “Rocky Horror Show” no Teatro Guaíra mesmo local das apresentações do Blindagem com a Orquestra Sinfônica.

Vi o Zé Oliva criando e compondo, cantando e com as caixinhas de atitudes na feirinha do Largo da Ordem. Eu vi o Paulo Hilário com Os Metralhas, desfilar na Marechal. Eu vi a Adélia Lopes no Teatro de Bolso, da Ruy Barbosa com o Grupo XPTO, do Karam. Sim eu vi.

 Eu vi Tatara tocar na Velha Adega, eu vi o “Sam Jazz Quintet”, no Thalia. Vi o Lápis e o Grafite mostrando talentos. Vi a abertura e fechamento do Old Friends, “Bardo Cardoso” e Optimus in Habbeas Coppus, do Serginho. Que pena, mas eu vi.

Eu vi Paulo Leminski lançar, literalmente, o “Catatau” na plateia, lá no Thalia.

Eu vi concurso nacional de contos da Fundepar premiando Dalton Trevisan, o Vampiro de Curitiba. Vi Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, vi Rubem Braga, vi o professor, crítico literário e historiador Temístocles Linhares. Sim, eu vi.

Eu vi a amizade de Aramis Milarch com a cantora Maísa, vi suas detalhadas notícias e defesas por Curitiba.

Eu vi Francis Ford Coppola circulando por Curitiba. 

Eu assisti  “Blow Up”,  de Antonioni, no Cine Arlequim. Também o polêmico “Teorema” de Pier Paolo Passolini, no Cine Avenida. Também vi o “Exorcista”, no Vitória.

Vi primeira sessão do cine Astor com filme “Todos os Homens do Presidente “. Sim,  eu vi e curti.  

Também vi o filme da banda “The Who”, numa sessão Maldita, do Cine Avenida.

Eu vi o fechamento do Café Damasco e a instalação da Mesbla no mesmo lugar. Isso eu vi.

Também vi Bife Sujo mudar de lugar. Vi desaparecer a tribo “Les Paxas”, do Batel. Eu vi a turma da Saldanha circular e a luta da Mara em manter o Capele.

Também vi o Cachorro Quente, na XV, vendendo muito pernil “com verde”, sim eu vi e comi. Vi o fechamento do Café Guairacá, vi o Bamerindus entregar o prédio para o HSBC por um bom tempo depois fechar.  Isso eu vi.

Eu vi Plá cantando na Boca Maldita, vi o Oil Man transitando de bike, como já tinha visto o Esmaga e a “Gilda”, no mesmo local. Ah, isso eu vi.

Vi a Vera Andrion diagramar e criar,  vi o Paulo Vitola se agitar, vi Dante “polacar”, vi o Retta e o Solda, rabiscar a arte, vi a imortal Helena Kolody recitar, vi o Toninho Vaz viajar para rede Globo e depois biografar. Sim eu vi.

Vi o Ernani Buchmann publicitário, jornalista e escritor criar, vi o Valério Fabris chegar. Tudo isso eu vi.

Vi o fechamento do Cine de Arte Riviera e vi a abertura do Cine Condor, eu vi. Vi e comi  o Eisbein e Schwarz Wald, no Bar do Alemão. Vi o Sérgio Moro, no jantar da Boca Maldita, vi o Mazzinha assumindo a “Republica de Curitiba”, no centenário Bar Stuart, sim, isso eu vi.

Por tudo isso, vivi e aindo vivo  Curitiba.

Daí fico com aquela sensação de que “parece que eu nasci há uns 300 anos atrás”.

E quero viver mais uns 300 anos aqui.

Parabéns Curitiba. E não perca  o seu sorriso.

 

Luiz Augusto Juk

Jornalista

 

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