Curitiba, conheci suas terras há 41 anos quando era uma criança com apenas 11 anos e não tinha ideia do quanto essa você mudaria minha vida.
Confesso que o motivo da mudança me entristecia: minha família sempre muito humilde, já passava por algumas dificuldades. Morávamos em uma cidade no interior do Paraná e não tínhamos nem luz elétrica. Plantávamos café, e foi em 1977 que toda a família -meus pais eu e mais dois irmãos- passamos realmente por momentos difíceis. A geada negra atingiu toda nossa plantação e não restou nada.
Ao ver toda nossa situação, um tio que já morava em Curitiba nos estendeu a mão e foi nesse momento que comecei a admirar essa linda cidade. Me deparei com situações que não faziam parte do meu cotidiano, mas estava disposto a começar minha vida de uma maneira diferente.
Com apenas 15 dias em Curitiba eu estava montando em meu porão, uma caixa para engraxar sapatos mas quando minha mãe viu a cena discordou totalmente, dizendo ser muito perigoso e arriscado, o que logo me entristeceu. Porém no mesmo dia minha vizinha, com quem já tinha um ótimo relacionamento me chamou. Lembro como se fosse hoje eu passando pela cerquinha de madeira, que dividia um terreno do outro. Chegando em sua casa, ela me ofereceu uma coxinha, que coxinha deliciosa pensei. Não deu outra, no dia seguinte estava vendendo salgados, na mesma caixa que havia montado para engraxar os sapatos.
Comecei a faturar diariamente, passei a ser o mais bonificado entre meus colegas e foi dos onze aos quatorze anos de idade, que comercializei salgados e sorvetes. Logo que fiz minha carteira de trabalho entrei na maior rede de mercados de Curitiba. Comecei a ganhar muito bem, era empacotador e sempre ganhava gorjeta dos clientes, o que me resultava em quatro salários mínimos. Aos dezessete anos sai dessa rede, apesar do interesse em me promover com maior salário. Eu sabia que perderia a fonte de maior lucro, as gorjetas.
Decidi começar a ir para o Paraguai e importar diversos produtos, o resultado foi tão grande que comecei a viajar duas vezes por semana para buscar mercadoria. Como já tinha um dinheiro guardado, convenci meu pai a me deixar comprar um carro para revender, e adivinha? O carro foi vendido na mesma semana. Até meus vinte anos fiquei nessa rotina de Paraguai e revenda de carros.
Conquistei uma condição excelente, o que me fez abrir minha primeira loja. Em 1990 nascia a primeira BellosCar, com cinco carros em estoque, e com esse pequeno estoque vendíamos vinte e cinco veículos por mês.
Em 1994, comprei o imóvel para construir a loja própria e estava muito bem, já tinha outros imóveis, e minha casa própria. Porém passamos por muitas crises, me lembro até hoje de uma em que os financiamentos foram cortados, cheguei a vender uma unidade por mês. No dia 15 de março, entra em minha loja um cliente que vendia livros, e por incrível que pareça ele conseguiu abrir minha mente novamente. Depois desse episódio passei a vender sessenta carros por mês, cresci muito nesse tempo.
Atualmente, depois de muitas vitorias e derrotas, resistindo a muitas outras crises a BellosCar se tornou uma das maiores revendas de carros seminovos do Brasil. Com mais de trezentos carros comercializados por mês, mais de quarenta e dois mil carros vendidos em uma loja com mais de doze mil metros quadrados.
A lição que levo de tudo isso? Para todo problema tem uma solução!
Obrigada Curitiba!
Silvan Dal Bello– Empresário, proprietário da BellosCar, uma das maiores revendas de carros seminovos do Brasil.
