ZILDA MARIA BELTRÃO FRALETII RUBBO
Arrojada e decidida, junto com o marido, Luiz Eugênio Rubbo, esta mulher quebrou padrões e convenções no mundo da arte.
Ela ajudou. a mudar a cabeça das pessoas. Abriu novos horizontes,
ousou e arriscou até se firmar profissionalmente e criar a Fraletti Rubbo Galeria de Arte.
Os Rubbo tomaram a arte mais acessível e mais humana, espargindo o belo em milhares de residências brasileiras e ajudando a tomar os artistas mais conhecidos.
LEMBRANÇAS- Nasci em São Paulo, apesar de ter raízes bem curitibanas, pois minha mãe é filha de Alexandre Beltrão, que foi Prefeito de Curitiba três vezes, e de Zilda Fontana, filha de Fido Fontana e neta do Barão do Serro Azul. Minha mãe foi para São Paulo estudar Psicologia, curso que não existia em Curitiba e lá conheceu meu pai, que é psiquiatra. Não à toa, formei-me em Psicologia. Exerci esta profissão por um ano e fui para Londres onde morei um ano e meio, dedicando-me principalmente ao estudo da Língua Inglesa e da História da Arte. Lá conheci muitos artistas, entre eles Zimermann e Juarez Machado, dos quais tornei-me grande amiga .Tirei o diploma “Cambridge Proficiency ln English Language”. Ao voltar ao Brasil, lecionei na Cultura Inglesa por dois anos, em seguida dirigi uma empresa do grupo CR Almeida, em Foz do Iguaçu que envolvia as lojas de “souvenirs” das Cataratas.
PIONEIRISMO- Nessa época conheci o Luiz Eugênio e nos casamos. Poucos meses depois, começamos a organizar em Curitiba grupos para adquirir obras de arte(consórcio). O primeiro artista com quem trabalhamos foi o Zimermann e o sucesso foi tão grande que logo ampliamos o número de artistas, Antônio Maia, Ênio Lipman, Álvaro Borges, Scliar entre outros. As reuniões passaram a ser em salões de Hotéis, com a presença dos artistas e apresentações sobre a sua loja. Não demorou para que várias galerias da cidade passassem a realizar seus grupos e para que alguns de nossos clientes resolvessem trabalhar com arte.
MUDANÇAS- Três anos após o casamento, já com nossa primeira filha e esperando a segunda, meu marido, que trabalhava na Dow Química, foi transferido para São Paulo. Passamos à organizar grupos de arte lá, deixando aos poucos de realizá-los em Curitiba porque a venda de obras de arte nos moldes como fazemos não é algo que se possa delegar. Montamos em São Paulo um escritório de arte que ficava no bairro “Jardins” em um prédio bastante sofisticado e continuamos a trabalhar, principalmente com artistas de Curitiba. Nessa época o comércio de arte era muito ativo, o que mudou bruscamente com o Plano Collor.
VOLTA A CURITIBA – A vida em São Paulo estava se tornando muito agressiva e corrida, por isso resolvemos voltar a Curitiba para criar nossas filhas em um ambiente mais humano. O Luiz montou uma empresa de distribuição de produtos químicos e abrimos a Fraletti Rubbo Escritório de Arte”. Organizamos cursos de Arte Contemporânea e retomamos os grupos de aquisição de obras de arte. Agora com um número de artistas bem maior. Pois em São Paulo passamos a trabalhar com artistas de âmbito nacional. Com o tempo sentimos necessidade de abrir uma galeria, pois o escritório limitava a expansão do nosso trabalho. Foi então que abrimos nossa Galeria no Design Center.
CREDIBILIDADE – A Galeria tem nosso sobrenome porque o comércio de arte é muito baseado na credibilidade do marchand. É ele que garante a idoneidade do que vende.
CONFUSÃO- Trabalhamos com Arte Contemporânea :Não só com artistas já consagrados, mas também com novos talentos. Muita gente confunde arte contemporânea com arte abstrata. Mas existe o Figurativismo Contemporâneo que é mais solto, não segue regras e cânones, assim como nosso mundo atual.
PERCEPÇÃO- Os artistas percebem as mudanças do mundo antes de qualquer pessoa. Eles são os arautos das transformações e refletem a época em que vivem. Por isso uma das funções das Galerias de Arte é divulgar para a população a arte do nosso tempo. Além de ser um ponto comercial, a Galeria tem uma função educativa, mostrando as novas tendências da época.
CABEÇA-A Arte Contemporânea muda a cabeça das pessoas, quebra padrões e conceitos porque mostra o que não é familiar. É muito mais fácil admirar uma paisagem acadêmica, que é algo conhecido, do que uma tela que não segue formas estabelecidas. Há questionamento e a aceitação é mais difícil.
CARÊNCIAS – É uma pena que o brasileiro não tenha o hábito de visitar Museus, Galerias, Pinacotecas. Além de ensinar muito sobre nossa história e as de outros povos, visitas a esses lugares ajudam a desenvolver o senso estético e o gosto pessoal. Esse discernimento é importante na hora de adquirir obras de arte para que não se tenha de conviver com quadros e esculturas que não se gosta. Apenas por se ter deixado influenciar na hora da compra. Obra de arte é como parente, você convive com ela no dia a dia.
VALORIZAÇÃO – Muitas vezes me dá pena ao ver uma casa decorada com tudo o que há de melhor em termos de material de construção e decoração, mas na qual se põe tudo a perder na escolha das obras de arte. Boas obras denotam bom gosto, cultura e valorizam até os outros elementos do ambiente. Além de serem as únicas coisas que podem ser valorizadas com o passar do tempo.