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“ Querida Curitiba. ” escreve Maria Carolina Boni

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Foto de Maria Carolina Boni para Iza zilli

 

Curitiba, 14 de Julho de 2018

 

Querida Curitiba.

Curitiba é uma cidade que alia os prazeres sensíveis e inteligíveis da vida. Viver aqui é desfrutar de uma variedade de tradições cultivadas continuamente pelos seus cidadãos.

Fui criada em São Paulo, mas sempre vinha a Curitiba com meus pais e irmã para visitar meus avós e parentes. Descendentes de italianos e ucranianos que somos, desde criança sentia que Curitiba era muito especial. Aqui sentia o cheiro do inverno e também notava a neblina enfeitando a cidade pela manhã. Frequentava o centro da cidade, onde moravam meus avós, e me deleitava vendo as pessoas desfilarem elegantemente em seus trajes de inverno, eu amava ver os casacos, de lã, com pele, xadrez, tweed, homens de cachecol, mulheres com chapéus. Da janela do apartamento da vó Aydeé escolhia o filme que iria assistir, pois todos os cinemas ficavam no centro da cidade e expunham seus filmes em grandes letreiros.

Curitiba precisa ser conquistada, ela é fria, não acolhe de pronto, foi o que senti quando me mudei para esta cidade, mas não me abalei, tratei de fazer a minhas escolhas no sentido de me incorporar como sua legítima cidadã. Afinal, como urbana que sou, certamente me atrai por esse projeto de vida – viver e ser parte dessa urbe repleta de possibilidades. Vi claramente Curitiba crescer e alçar um patamar de desenvolvimento notável, ampliando seu espaço urbano, intensificando as formas de mobilidade, mas sempre incorporando o conceito de deferência à natureza. Com essa constatação senti que fiz a escolha correta de aqui viver.

Algo muito significativo que a cidade me ofereceu foi o privilégio de ritualizar algumas datas religiosas. Na Páscoa, abençoando os pães no Bosque do Papa, celebrando o dia de Santo Antonio, comendo o pedaço de bolo na Igreja do Bom Jesus, tentando encontrar a pequena estátua do santo. Igualmente, na igreja de Nossa Senhora de Schoenstatt no Campo Comprido sempre desfrutei de seu silencio e ali fiz muitas reflexões e na Igreja de Santa Madalena Sofia minha filha foi batizada pelo bondoso Frei Cássio.  As missas da Igreja dos Passarinhos com seus temas atuais me atraem até hoje. A cidade sempre me estimulou a cultuar a espiritualidade.

Acompanhei o crescimento de tantos negócios que aqui iniciaram, tanto no comércio, na indústria, quanto no campo dos serviços, os intelectuais e os manuais. Sinto uma alegria profunda quando vejo quantas pessoas prosperaram iniciando seus empreendimentos por aqui, amigos próximos outros nem tanto, mas com quem convivo há muitos anos e tenho muita admiração.

Ao me incorporar aos seus rituais e ao seu estilo fui aos poucos conquistando essa cidade. Hoje me sinto plenamente integrada e feliz com a relação que tenho com Curitiba, ela faz parte da minha história de vida, muito me ensinou e me fez progredir em todos os aspectos. Nestas breves linhas procurei escrever o que de mais essencial minha intuição me apontou sobre a experiência de viver em Curitiba, a linguagem é insuficiente para transmitir o rigor do sentimento, mas vou tentar por fim descrever: meu amor por Curitiba não é romântico, decorre de um acordo de viver juntos que deu certo, da união entre o meu desejo gregário de viver e do que acredito serem as maiores qualidades dessa cidade, seu sincretismo harmonioso, seu clima fresco que convida a atitude e aconchego e sua estética planejada que traz bem estar a todos que aqui vivem.

Autora:

Maria Carolina Boni é Gerente do Jurídico e Compliance da Volvo Financial Services.

 

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