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“ Amo você, minha querida Curitiba! ” relata Maria Angela Tassi Simões Teixeira

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Curitiba, 2 de julho de 2018

 

Amo você, minha querida Curitiba!

Apito do trem. Ouço daqui, todos os dias e a noite. Tão familiar! Regrido no tempo e me reporto á infância. Aquele tempo me parece longe, mas, tão perto! Eu, desde bebê com meus pais, morávamos no enorme e amplo apartamento de meu avô, anexo do Hotel Tassi, bem em frente à Estação de Trem atualmente  Shopping Estação. Meu avô paterno foi pioneiro em hotelaria. Ali cresci até meus seis anos.

O som das chegadas e partidas desses trens era parte do meu dia a dia.

Pessoas chegando, pessoas partindo um ir e vir diário.

Impressionavam-me, na época, os que chamavam de “os flagelados do Nordeste”… inúmeras famílias, crianças sacos, sacolas, malas, plac…plac…de tamancos, pés descalços. Pobreza! Ficavam ali encostados, sentados lá fora no tempo, junto as paredes da estação esperando… esperando…Meu coração de criança, uns 3 a 4 anos, não entendia…Por que aquilo? Á noite eu tinha febre, tristeza. Por quê?

E a Praça Eufrásio Correia linda, com as suas flores, belos agapantos, arvoredo, o imponente chafariz, onde, muitas vezes, papai me colocava a  molhar  as mãozinhas.

A estátua do Semeador… Ali era o  meu jardim!

Lá todos os dias, com meus pais ou tios, ou babá, a amada negra Irene eu brincava. Andava de triciclo e via os bondes passarem, tocando sineta.

Aos domingos, Irene me levava assistir filmes da Branca de Neve, Cinderela, de manhã nas sessões do colégio Santa Maria.

Ela tecia meus cabelos, trancinhas  apertadas que até doía. Fitas em lacinhos, vestidinho branco de organdi engomado. Tudo preparado um dia antes.

Então, em meu pensamento vem a nossa história.

Meu avô Angelo, veio ao Brasil. Meta- São Paulo, na casa de seus primos, mas… a história mudou seu curso! Na viagem, conheceu minha avó Angela. mocinha bonita que fez seu coração disparar! Ela e a família vinham para Curitiba onde moravam seus parentes. Angelo mudou seu destino e Curitiba passou a ser a sua casa.

Casaram. Moraram no Alto da XV, onde o local era chamado de Vila Tassi.

Compraram um terreno, de um padre, na esquina da Barão do Rio Branco, com a Sete de setembro. Construíram  uma nova casa. Vários passageiros ali batiam, procurando pousada. Resolveram transformar em um pequeno hotel. O sucesso foi grande. Ampliaram. Fizeram mais um andar estendendo sobre toda a propriedade.

Tinham  também uma casa de campo, um alqueire onde a maioria da família morava, em suas casas, inclusive nós. Ficava no Alto Cabral. A rua era a travessa Tassi, hoje Chichorro Jr.

Amaram muito Curitiba e esse amor, passou de geração a geração.

Dos seis filhos, meu pai, temporão, o caçula, Affonso Tassi. Dele herdei o talento para desenho, pintura. Tornei-me Artista plástica. Retratei em gravuras e telas, a nossa cidade nossas imponentes araucárias e nossos personagens.

Casei e devido à profissão de meu marido, juiz, hoje Desembargador José Simões Teixeira ausentei-me para segui-lo em sua jornada pelo interior.

Ele, paulistano deixou tudo para trás. Curitiba, agora é a sua cidade. Tivemos três filhos e agora um neto. Maravilhosos! Cidadãos curitibanos.

Muitas recordações!  Lulu Seiler Veiga, professora de mão cheia, patriota. Seus ensinamentos? Nunca serão esquecidos. Muitos lá estudaram. Minha irmã Rosário, Margarita 1ª dama da prefeitura, esposa de Rafael Greca, amiga até hoje, entre outros. A Rua XV… local de “footings” depois das provas, desfiles do Sete de Setembro, procissões com uniformes de gala do meu amado Colégio Cajurú, onde passei  os melhores anos de minha vida! Lá me formei. As Lojas Americanas ponto de reunião da juventude da época. Os Clubes Curitibano e Concórdia, lugares queridos onde aconteciam bailes, soirées, reuniões marcantes. E as reuniões de família, Fontana, Bettega, família de minha mãe Ignez. Primarada. União.

Amigas e amigos inúmeros! Graças divinas, em todos os sentidos!

Só tenho a dizer: AMO VOCÊ, minha querida CURITIBA!

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