Curitiba, 17 de Junho de 2018
Minha gratidão pela cidade onde vivo e sou !.
Curitiba é um lugar ímpar. A cidade concreta e eficiente se torna invisível para quem vive aqui. Começo a me identificar. A cidade onde tudo funciona é pouco percebida. É como aquela relação que não incomoda, é gelada, é menos doce e muito mais confortável. Devemos olhar mais para Curitiba. A rotina favorece a criação de relacionamentos mais seguros e alinhados, o que não justifica o descaso com o passar do tempo, nem o lamento quando essa relação termina.
Ouço isso sempre de pacientes que por algum motivo estão deixando a cidade. A percepção do seu valor chega atrasada ou acontece quando nos afastamos, visitando outros lugares, quando a comparação é inevitável. Fico feliz mostrando Curitiba aos meus amigos que vêm de fora, sentindo neles o desejo de ficar e a admiração pela cidade.
O frio aqui é uma experiência, assim como os tons acinzentados que dominam a maioria dos dias e a falta de cores que domina a sua paisagem. Apesar do pouco sol, casas coloridas e janelas amplas são raras. A metrópole nos compensa com muito verde, lindas esculturas e valores arquitetônicos nos parques e praças.
Como dermatologista, aprecio as diferenças de pele e andar pelas ruas é exercitar a percepção de várias raças e biotipos.
A mistura nos faz respeitar aqueles que são diferentes de nós e a convivência aqui é incrivelmente fraterna, apesar dos rótulos de antipatia que carregamos.
Lembro quando fazia residência médica no hospital de Clínicas, o plantão de sábado a noite era o melhor. Caminhava de manhã no domingo até a feira do Largo da Ordem, bem cedo. As cores, conversas e cheiros me revigoravam do trabalho noturno e eu chegava feliz em casa. Hoje olho a cidade pelas minhas janelas da clínica no Batel, há 23 anos. Tudo mudou desde aquela época, menos minha gratidão pela cidade onde vivo e sou.
